Este rapaz é que a sabe toda...

Tenho um problema enorme com a indumentária no local de trabalho.
Detesto calcas de ganga, não faco ideia o que é um fato, não suporto passar camisas e só calco um par de sapatos quando o meu Pai me obriga a ir a um casamento de família.
Gosto de calcões, calcas de fato-de-treino (de pano, largas, não daquelas com o zip cá em baixo para passear no Colombo) e t-shirts. E pronto, é tudo. Adeus e bom dia.
Ora...isto cria uma complicacão extra na minha vida. Desde logo porque vivo num país onde o verão dura 20 a 25 minutos. Calcões estão fora da equacão. Por outro lado, não trabalho nas obras. Calcas de fato de treino num escritório dão aquele ar de bandalho.
Como me safo então deste sofrimento diário das calcas de ganga? Como é que posso estar confortável nesta tortura diária de olhar para um computador? É simples, tenho que mudar de estilo.
Observei um pouco a fauna e cheguei à brilhante conclusão que a tolerância e o "fica bem" depende da forma como te apresentas.
Passou um puto à minha frente a caminho, imagino eu, da universidade que está aqui ao lado. Seguia em estilo gingão, simulando uma perna mais curta no clássico "chutas tu ou chuto eu". O braco caído balanceado ao ritmo da ginga fazia o resto da coreografia. Claro que este gajo, solto e feliz, vestia umas calcas de fato de treino e tudo bem. Naquele cenário faziam todo o sentido.
Chego ao trabalho e vejo um camarada com trancas no cabelo, pulseiras e chanatos. Paz e amor. Claro que também tinha umas calcas de balão, designed by Rão Kyao. E tudo bem. Faz parte da imagem.
Se eu vier para aqui de calcas de fato-de-treino, sou um badameco, se vier o gajo do Woodstock, já está tudo bem porque "é a cena dele".
Eu admiro este pessoal. A sério que admiro.
Com a conversa do yé-yé arranjam desculpas perfeitas para andarem de perna solta no escritório. É de génio. E naqueles dias em que o desodorizante se balda chega o também clássico "ahhhh...ele acredita nos produtos naturais". Sonho. São vidas de sonho.
Portanto, o que eu preciso é de falar contigo. Tu, jovem fashion designer que estás no desemprego, sugere-me lá umas calcas bem "estou tão solto!!", uma t-shirt/casaco a condizer e uns ténis que não se sujem muito.
O objectivo é simples. Estar leve, solto e sem tecidos duros. Por outro lado, não quero ser confundido com a malta do boné, camisa de alcas e Jay-Z no cantante.
Percebes o meu drama jovem? Estou preso jovem. Estou preso.
Manda-me lá um boneco sff.