quarta-feira, agosto 29, 2012

A RTP do Borges



Tenho acompanhado a novela das privatizacões com todas as limitacões que a distância impõe.
Há no entanto coisas que, mesmo a 3000km, cheiram a esturro por todo o lado. "Esturro" pode ser considerado um termo técnico para trafulhice? Vamos assumir que sim e passar ao sumo da questão.
António Borges. E pronto, "esturro" ali em cima e Borges aqui. Posso dar folga às teclas porque o texto está feito.
Por onde comecar esta longa lenga-lenga?
Bem sei que o Borges tem um CV espectacular. Andou nas "Américas", "Inglaterras" e "Francas". E como nós gostamos sempre de quem andou "lá fora", serve.
Por outro lado também sabemos que passou 8 anos na Goldman Sachs. Ninguém sabe o que fazem estes nossos brilhantes economistas "lá fora", mas todos sabemos o que é a Goldman Sachs.
Relatórios martelados na Grécia. Alguém se lembra quem ajudou? Já leram o  "O Banco - como a Goldman Sachs dirige o mundo"? Bem sei, bem sei. São apenas teorias da conspiracão.
Contudo, coincidência das coincidências, onde há buraco (leia-se ajuda externa ou crise galopante) há um testa de ferro da Goldman Sachs. Gente de confianca para garantir que o dinheiro chega ao bolso certo. Draghi, Monti e Borges. Irlanda e Grécia também receberam os seus exemplares da coleccão. Não sei os nomes...vão ao Google camaradas que eu também tenho que trabalhar.
Aliás...lembrem-se que na Grécia (inicialmente) e em Itália, os governos foram decididos em gabinetes e não nas urnas. A crise é uma oportunidade de negócio.
No caso do nosso Borges, lembro-me também de o ouvir dizer que "a diminuicão de salários não é uma política, é uma emergência". Isto é especialmente grave por duas razões.
Primeiro porque, ao que parece, Passos Coelho dá ouvidos a este gajo. Não basta ele próprio esfolar, ainda aceita os conselhos do ministro sombra para matar.
Depois, e esta é a parte que me enerva sempre mais, este monte de esterco que ganhou 225 000 euro livres de impostos em 2011, acha que reduzir salários médios de 700 euro é uma "emergência nacional".
Lembro-me de imediato de Diogo Leite e daquela aula na Sic, explicando que 10 000 euro era um salário de classe média-baixa em qualquer país da Europa...
Aqueles que decidem o nosso futuro e limitam as hipóteses de sucesso dos nossos filhos são os mesmo que, à nossa custa, nunca passaram por um dia de dificuldades na vida.
São os mesmos que se reformam ao fim de 12 anos de sestas intermináveis na AR, que acumulam vencimentos públicos, que roubam dinheiro dos impostos em negócios do Estado, que não precisam de vencer a concorrência em entrevistas de emprego e que, nem de estudar precisam para concluir um curso superior.
Borges aparece na TVI a falar em despedimentos na RTP como se estivesse a pedir um prato de tremocos. Dizem os extremistas de direita..."mas não há dinheiro, o que queres fazer??".
Outra vez??
Primeiro seguem estes pontos:
1 - Vendem a frota toda do Estado (não podem ir em carro próprio porquê?)
2 - Reduzem para 12 todos os vencimentos da funcão pública sem regimes de excepcão (sim, boys também)
3 - Proibem a acumulacão de salários/reformas públicos
4 - Eliminam institutos inúteis (ainda não ouvi um...)
5 - Renegoceiam as PPPs ruinosas (comecando pela Lusoponte)
6 - Acabam com os paraísos fiscais
7 - usam os servicos juridicos e de engenharia dos gabinetes, não pedem pareceres a peso de ouro aos gabinetes dos boys

Depois de cortaram aqui, a "emergência nacional" já não será tão grande.
E depois, há a barbaridade em si anunciada pelo artista Borges.
Acabar com a RTP2 e concessionar a RTP1 por 140 milhões. A sério Borges? E isso foi antes ou depois do jantar?
Eu não sou economista e por isso consigo fazer uma conta de somar. Existirá alguma privatizacão onde o Estado pague em vez de receber? É ruinoso, mas original, admito. Certo como o Aimar ter uma religião própria, os bolsos para os 140 milhões já estão a postos.
Nem vou discutir se deve ou não ser a RTP privatizada. Sim, há dinheiro mal gasto na 5 de Outubro (agora em Chelas), mas não me parece que faca muito sentido um país ficar sem o seu servico público de televisão.
Cheira a BPN por todo o lado. Alguém ficará com a estrutura da empresa e o Estado com a dívida.
Aceito uma reducão para um canal e cortes na despesa, mas acabar (é isso que Borges defende) simplesmente com a RTP, é uma asneira.
A RTP2 faz tudo o que se espera de um bom canal público. Notícias de 30 minutos com o que interessa e sem histórias de velhinhas com 3 pernas em Cinfães, boas séries e documentários, sem novelas ou lixo cacofónico. Sim, as audiências são uma merda e depois? O povo quer ver o Big Show Sic? Que veja noutro canal. Servico público não é isso.
Agora...o Borges camaradas, o Borges é que não.
O que se segue? A TAP oferecida à miserável Iberia?

1 comentário:

Anónimo disse...

Tiago, quem escreve assim, nao e gago!Nao escreve para as paredes.
Paula