Eleicões em Angola

Resolvi desligar-me um pouco da realidade porque os últimos dias trouxeram más notícias qb. Uma espécie de sarna interna que não deixa espaco mental para me preocupar com o Relvas.
Ainda assim, naquele caminho matinal para o eléctrico, liguei a TSF só para saber se a fila chegava ou não à segunda ponte do Feijó.
Estas caminhadas matinais são sempre, mas sempre, acompanhadas do pensamento/pergunta "o que devo fazer para não repetir este caminho amanhã?". Que vida mais idiota.
Correr para a frente de um computador, arrancar pele e ganhar olheiras para ser tratado como um número. Um pedaco de carne gerador de dinheiro. Enfim, há quem faca o mesmo de salto alto. Deve ser mais desconfortável ainda assim.
Mas dizia eu, ligo a TSF e ouco "eleicões em Angola". Bolas...estou mesmo fora do mundo. Até os Angolanos já votam. Olhei para cima e esperei pela queda de uma garrafa de coca-cola. O deuses devem estar loucos.
Aposto que nunca viram o filme. Adiante.
Continuei a ouvir a notícia.
"Os Angolanos vão hoje a votos para escolher a constituicão do parlamento e um novo presidente". "O principio do fim da era de Jose Eduardo dos Santos", escreve o público.
Como é que isto me passou?  Há 25 de Abril em Luanda e eu a dormir?
O jornalista da TSF continua.
"Várias pessoas estão detidas por terem denunciado irregularidades nos cadernos eleitorais".
Ahh..muito bem. Estou mais descansado. Estão reunidas as condicões para a escolha popular segundo as tradicões locais.
A tradicão é uma coisa importante. O que seria da indústria das pedras da calcada na Arábia Saudita sem ela? E da indústria da lantejoula em Vila Franca de Xira, Montijo e Moita? Sejamos sensíveis porque o momento é solene.
Primeiros 20 anos a seco. Depois uma votacão viciada. Mais tarde e com calma, logo se pensa em democracia. Há que dar passos pequenos, mas seguros.
É assim mesmo Zé. Com calma. Também não gosto de mudancas bruscas.
Mais 10 anos e logo passas o reino à Isabel.
Isabel I, duquesa de Luanda, Lobito e Alto Douro. Gosto.