quarta-feira, julho 04, 2012

O Relvas é o novo Vara!


Quantos de vós não sairam já todos contentes de uma sapataria, com um belo par de calcantes adornados por uma sola de borracha trilhada, para de imediato pisarem um valente cócó em exibicão na calcada portuguesa?
Segue-se o número "aaai, tive uma trombose" em que arrastamos o pé pelo chão, depois a berma de cada passeio e já em desespero, sentados e com o pau do super-maxi em punho, raspamos cada um dos trilhos da sola cuidadosamente.
Ahhh...tardes bem passadas.
Mais tarde, já em casa, ouve-se o clássico: "pisaste merda?". "Sim, mas limpei!". "Ai sim? Então vê lá o rasto na entrada."
E com razão. Cócó na sola, por muita raspadela, não nos abandona. É fiel. Fica para sempre, espreita em cada curva.
Mas...vim aqui chatear para escrever sobre fezes? Quase.
Miguel Relvas. E pronto, podia agora despedir-me. O texto está feito.
O Relvas é como caca na sola. Por mais que tentemos o cheiro acompanha-nos durante o dia.
Vou ler uma notícia sobre futebol. O Relvas organiza um jantar entre o marido da Judite e o gajo da Olivedesportos.
Quero descobrir esse restaurante muito famoso que há em Lisboa onde vários homens se juntam em segredo para tertúlias de avental. O Relvas também lá vai.
Estou a ler uma história sobre os James Bonds portugueses, o Relvas manda SMSs para a M lá do sítio.
Falo com um amigo jornalista. Ele diz-me que o Relvas também fala muito com jornalistas.
Finalmente vou-me informar sobre o programa Novas Oportunidades em nome de um familiar e lá está o Relvas, também a beneficiar do mesmo programa de incentivo à formacao da populacão.
Este Relvas é um achado.
Percebo agora melhor o que dizia Passos Coelho quando se referia às NO como um "certificado de ignorância". Concordo. Se todos soubéssemos que era possível fazer uma licenciatura apenas com uma cadeira na Lusófona, ninguém tentaria as NO. Para quê concluir o secundário em 4 meses quando se pode concluir o superior com um único 10?
Sim, ignorância colectiva, no mínimo.
E tudo isto para quê? Para cumprir o ritual, num pais de saloios, de ter um título para debates televisivos.
Já alguém se lembrou que um curso superior é uma ferramenta de trabalho e nada mais do que isso? É suposto esse período de estudo fornecer um conjunto de conhecimentos para o exercício de uma profissão. Nada mais. Não é um processo para se mudar de nome ou acrescentar letras nos cheques.
Mas claro...para isso tínhamos que perceber que um curso universitário existe para darconhecimento e não status. Com  apenas 9% da populacão a passar mais do que 20 minutos no campus universitário, fica mais difícil valorizar o que realmente interessa.
Pouparíamos estes atropelos à legalidade dos Relvas e demais boys do aparelho. Sim, o Relvas não está só. Vão vasculhar nas pautas e nos registos da Lusófona e encontram mais uns quantos.
Também nunca percebi este corre-corre dos políticos a comprarem titulos académicos. Porquê? Alguém lhes dá mais crédito por isso? Alguém, por mais ingénuo que seja, acredita que a exigência (e logo numa privada!) é a mesma com um aluno anónimo ou com um secretário de Estado? Sejam honestos, por uma vez na vida!
O Jerónimo de Sousa é pior líder por não ter qualquer curso superior? Eu acho que não. E qual é a diferenca entre ele e os Relvas do centrão? Ahh...estes fizeram UM exame e conseguiram equivalência nas outras 30 cadeiras.
Não gozem com quem vos paga nem com quem andou a torrar o cérebro anos a fio.
E já agora...ó Crato dos rigores...não tens nada para dizer?

2 comentários:

Anónimo disse...

As Universidades Privadas servem para os incompetentes que não conseguem entrar nas públicas e membros de governo!Aí é que se fazem lic. mestrados e doutores a correr.Uma vergonha este ensino.

Rosa disse...

Tens razão, podias ter-te despedido, o texto estava feito :)
De resto, está mais que provado que neste país tudo se pode, desde que a vergonha na cara seja nula.