Franceses e Alemães ao fundo...

Já não consigo ouvir franceses e alemães. A minha tolerância para moralismos de algibeira está para lá do limite.
A filha do Le Pen grita contra os Gregos (que já não pagam a sua dívida) e acusa Portugueses, Irlandeses e Espanhóis de seguirem esse caminho.
Merkel, por su
a vez, abre aquela boca de estrume para lembrar que os Espanhóis andam no regabofe há 10 anos (se lhe tivesses mas era dado uns caldos, ó Zapatero...).
E porque é que isto me enerva? Bom...para comecar porque os alemães e os franceses são os povos mais irritantes do planeta. Os primeiros não perdem o hábito de "ocupar espaco alheio" e os segundos, de se meterem em bicos dos pés.
A história recente prova que um eixo franco - alemão nunca trouxe nada de bom à Europa. Os dias de hoje confirmam a tese com linhas de sangue.
Já todos sabem isto mas convém explicar que o projecto europeu, a uniao económica, beneficiou essencialmente estes dois países.
Economias mais pequenas (como a nossa) receberam rios de dinheiro para destruirem o aparelho produtivo e passarem a viver das importacões. É certo que ninguém tem culpa de termos idiotas à frente do país, mas a verdade é que, a mal ou a bem, quem mais lucrou com esta "política comum" foram as exportacões alemãs e francesas.
Aliás, os números falam por si. Mais de 50% das transacões comerciais dos Jean Pierres e dos Fritzs são feitas dos Urais para cá. A "irresponsabilidade" de que Merkel acusa Gregos, Portugueses ou Espanhóis é válida durante as eleicões lá na aldeia dela, enquanto discursa para os lenhadores entornados em cerveja. Quando a luz se apaga, o negócio comeca. Submarinos para Portugal, tanques para a Grécia e carros para Espanha.
Toca a criar mais crédito e a contribuir para o crescimento alemão. Quando a conta vier logo fazemos umas conferências de imprensa com os franceses e parecemos todos muito chateados e supreendidos.
Ou acham que é uma coincidência o facto dos credores serem, na sua maioria, bancos franceses e alemães?
Sim...nós pedimos crédito sem fazer contas. Fomos irresponsáveis! E quem emprestou? Também não sabia a tabuada?? Porque razão o risco cai todo no lado do devedor? E já agora, porque razão impõe o credor juros tão altos? Estão mesmo interessados em receber o dinheiro ou o interesse é rebentar cada um dos países periféricos?
O credor tem um poder e está a usá-lo. Nós (os devedores) também temos um, esse mesmo, a dívida. E temos que negociar com isso. Se o credor exige juros astronómicos, não vê um chavo e cada um segue por si. Fim da UE. Ficam chateados? Paciência. Vão invadir 5 países ao mesmo tempo? Tentem. Pode ser que à terceira tenham mais sorte.
E do nosso lado, no lado Português, também já não há cú para moralistas dos sacrificios. "Temos que baixar salários", "temos que trabalhar mais dias", "temos que cortar no servico nacional de saúde", "temos que aumentar impostos", "temos que vender as empresas com monopólio".
Aqui entre nós...entre os que discutem acordos com a troika, que aumentam impostos, controlam a venda das maiores empresas nacionais, que rebentam com o SNS ou que afundam o país para salvar o banco dos amigos,
já algum sentiu o efeito do "nós" tantas vezes repetido?
Já reduziram o salário? Já largaram algum dos 10 conselhos de administracão onde vão a uma reunião por mês? Já tiraram o dinheiro da off-shore?
Borges, Loureiro, Catroga, Portas, Cavaco, Passos Coelho, Feirreira do Amaral, Jorge Coelho...estão desse lado?
Eu espero que a esquerda ganhe as eleicões  este domingo na Grécia. E tanto me dá que os Gregos saiam do Euro ou não. Rebenta tudo? Vamos para a idade da pedra? Pegamos em armas de novo? Que seja.
O roubo organizado é que não pode continuar. Mercados (bancos), financeiras e políticos corruptos roubam os restantes europeus sem que nada lhes aconteca.
Mário Soares tem razão, a Europa está a chegar ao precipicio. E no meio do naufrágio, os matarruanos que nos governam só estão preocupados com a imagem do bom aluno, mesmo que o pagamento da dívida e dos seus exorbitantes juros, seja neste momento uma IMPOSSIBILIDADE MATEMÁTICA! Acordem! Não há mais por onde apertar, não há mais bolsos para virar. É tempo de comecar a afrontar os credores mas para isso, e este é que é o problema, não pode continuar o poder a ser entregue a quem lucra e faz lucrar com a crise.
Para nós Portugueses, que recuamos no tempo a cada dia que passa, ontem já era tarde.