Desde que cheguei a esta terra "onde o Sol nunca nasce" que tento manter o contacto com aqueles que faziam parte do meu dia-a-dia em Portugal. Skype, mail, sms, redes sociais e companhias low cost encurtam estes 3000 km que me separam do Chiado. Nalguns casos com sucesso, noutros nem por isso. Faz parte da vida.
Estava a pensar nisto quando constatei que o cenário nos últimos 5 anos mudou radicalmente. Eu deixei de estar longe e passámos todos, ou quase todos a estar longe.
Imagino que a situacão de Portugal não seja alheia a tudo isto. A emigracao da minha geracão é um facto consumado. Mais ou menos como o fim da zona Euro que hoje conhecemos.
Sem pensar muito consigo lembrar-me de amigos ou antigos colegas que se espalharam por Angola, Brasil, Mocambique, Belgica, Irlanda, Alemanha, EUA, EAU, Franca, Espanha, Inglaterra, Suécia, Holanda, etc.
Pergunto...quantos de vocês, nascidos depois do 25 de Abril, conhecem pelo menos uma pessoa que tenha saído do país?
Por razões óbvias percebo os porquês de quem parte mas não consigo deixar de ficar preocupado. Aliás, como tudo o resto que nos está a acontecer, só vamos perceber a gravidade quando alguém, daqui a alguns anos, se sentar a fazer contas e a escrever a história.
A geracão que agora procura outras paragens não é a de 60. Não vai para o Luxemburgo, Suica, Franca ou Alemanha aceitar o emprego que o local recusa. É uma geracão qualificada.
São economistas, engenheiros, arquitectos, gestores e quadros técnicos médios. São pessoas a quem o Estado pagou o ensino e cujo trabalho enriquecerá o PIB da Noruega, da Alemanha e dos Estado Unidos.
Em Portugal ficarão os advogados (por razões óbvias), os médicos (que nunca serão demais) e o pessoal não-qualificado. Ficarão as geracões mais velhas em fim de carreira e os reformados. Neste cenário e sabendo que ter um filho em Portugal é uma aventura nos dias que correm, digam-me, como é que podemos ser optimistas?
Há um momento em que o optimismo se transforma em simples idiotice. É mais ou menos este.
1 comentário:
E' por essas e por outras que, infelizmente, nao me vejo a regressar a Portugal tao cedo para criar o meu filho. Sera que alguma vez voltaremos?
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