quarta-feira, setembro 08, 2010

Ó Elvas, ó Elvas

Confesso a minha surpresa com a leitura da sentença no processo Casa Pia. Sinceramente não pensei que este dia alguma vez chegasse.
Começam agora os intermináveis recursos e duvido que qualquer dos condenados venha a cumprir pena. Talvez Carlos Silvino.
Por principio acredito na justica dos tribunais. Ou pelo menos costumava acreditar até estes mesmo tribunais decidirem que escutas, nunca desmentidas, não servem como prova ou que um corruptor só o é se tentar corromper alguém com responsabilidades na sua área de interesse.
Acompanhei este caso nos primeiros anos e depois desliguei. Lá para a página 674 se não me engano.
A sentença não é pública e pouco se sabe da justificacão das condenacões. Pelo que vou lendo, e isso vale o que vale, todas as condenacões são baseadas em testemunhos dos acusados. Na sua palavra. Os 6 anos de investigacão não conseguiram provar nada. A casa de Elvas, chamadas telefónicas, recibos de portagens, locais e horas.
E é aqui que a coisa entra no cinzento. Que os miudos foram abusados ninguém duvida mas, até ver, ninguém conseguiu provar que os abusadores foram aquelas pessoas que acabaram condenadas. Este caso teve o problema de ter recebido uma sentença popular muito antes de qualquer tribunal decidir. Ninguém em Portugal deve acreditar na inocência dos acusados. Eu sou um deles, admito-o. Mas, e esta é a diferença fundamental, eu não sou juiz e não tenho a responsabilidade de tirar a liberdade a ninguém.
Por muito que pense que se escreveu certo por linhas tortas, a justiça não se faz com emoções ou opiniões. Faz-se com provas e essas até ver, não existem.
Fico a aguardar a publicação da sentença. Talvez o tribunal tenha recebido provas que nunca apareceram nos jornais.
Por enquanto fico com a sensação do copo meio-cheio.

2 comentários:

Suspiro disse...

Não podia estar mais de acordo contigo... ;)

ups disse...

Este caso teve contorno que classifico no minimo de estranhos. Então os jornais apregoam aos 7 ventos que as escutas e as provas são inequivocas e depois... não há qq escuta no processo? O processo foi totalmente julgado na praça publica. No tribunal, depois de 6 anos parece que não se fez qq prova? A sério que me faz confusão.. a sério que faz...