terça-feira, agosto 31, 2010

O IAPMEI



Sempre que vou a uma entrevista de atribuicão de novos projectos a pergunta repete-se: "está a pensar voltar para Portugal?"

Nessa altura interrompo o concerto em Lá Maior e comeco a voar. Imagino uma casa caiada, um alpendre, o som do Atlântico, um bom livro, uma boa música. Vejo a noite estrelada. Já repararam como a noite é estrelada no Alentejo? Depois chega o Diogo. Vem visitar-me com o filho. O miudo é a cara dele.

Preparo borrego no forno e digo que é a receita da minha mãe. Acompanhamos com um bom "4 castas" do Esporão.

Volto a acordar e digo o que o camarada à minha frente quer ouvir. Não, não penso voltar e deixo porta aberta para a desgraca "a não ser que haja uma fatalidade qualquer".

Ele não fica contente com a resposta e pergunta porquê. E agora? Como explicar o porquê? Como explicar que o meu país, apesar de ser o sítio onde estão familiares e amigos mais próximos, não é, ainda assim, o mais indicado para criar o meu filho?

Por ser um tema que particularmente me custa, tento sempre em 3 palavras resumir o estado do país e justificar a opcão de ficar aqui. Mas faco-o sempre de forma ligeira sem nunca dizer o que realmente me vai na alma. Detesto que estrangeiros fiquem com uma má impressão do nosso cantinho e aproveito sempre para promover o país como destino de eleicão. Não, nunca refiro palavras como "Albufeira" ou "Armacão de Pêra". Acho até que o Zé me devia dar um subsídio como adido de qualquer coisa para o turismo sustentado da Costa Vicentina.

De qualquer forma, para as contas do camarada que ali se senta, basta que eu aqui esteja para iniciar, executar e entregar um projecto...quer lá ele saber de submarinos, blindados e lusopontes.

Acho que o concerto lhe agradou e o futuro, para já, parece estar garantido.

Volto sempre com a sensacão de que devia ter falado em migas ou em pastéis de belém.

É por estas alturas que a saudade aperta e a vontade de estar desse lado aumenta.

Depois há o dia seguinte. O maldito dia seguinte e o estúpido hábito de ler jornais.

Tudo na mesma. Dinheiro público que desaparece, o buraco que aumenta, as responsabilidades que não se exigem.

Just play it again Sam.

3 comentários:

Nico disse...

Camarada Tiago, acredite que eu sei o que queres dizer.
Nao sabes o quanto quero estar na minha ilha, descansado, tenho muitas saudades, mas sabes, talvez, Portugal seria melhor que os States. Os EUA nao sao os mesmos de 15 anos atras..........

Anónimo disse...

O meu pai mora na Alemanha desde que eu nasci; a minha irmã mais velha vive na Suíça, filho já está criado. A resposta é toda igual “voltar para Portugal para quê?”
O meu senhorio reparte a vida entre visitas aqui ao prédio onde resido e a França onde vivem os filhos, filhas e netos.

Anónimo disse...

Por que nao:)