quinta-feira, agosto 26, 2010

Djobi Djobá


O Sarkozy não é flor que se cheire, é um facto. Foi ainda como ministro que iniciou uma espécie de "limpeza" nos subúrbios de Paris, correndo à bastonada com tudo o que era Magrebino.
É um campo sensível, este das minorias, e normalmente bandeira das esquerdas políticas.
O recente caso da expulsão dos ciganos é, na minha opinião, ligeiramente diferente. É verdade que Sarkozy não expulsou ciganos por qualquer espécie de conviccão política. Fê-lo apenas porque está em baixo nas sondagens e porque, em alturas de aperto, o bom e velho nacionalismo costuma dar votos. Ahh, o nacionalismo francês....de Le Pen a Vichy, tantos bons momentos.
Parece no entanto que o tiro saiu pela culatra e o homem do salto alto ainda se afundou um pouco mais.
Mas, e era aqui que tentava chegar, eu não faco parte da esquerda que acha que uma minoria tem direito a tudo só porque é minoria.
É verdade que dentro da UE existe a livre circulacão de cidadãos, mas é preciso pelo menos ser cidadão. Ou seja, é preciso pagar impostos num estado membro ou pelo menos, ter uma identificacão de um estado membro. Ora, nada disto acontecia.
Claro que Sarkozy usou a teoria de "bater em quem já está no chão" em nome do populismo, mas a verdade é que ele tem a lei do lado dele.
A comunidade cigana é muito especial em todos os aspectos. Deve ser a única minoria que, no continente europeu, mantém o seu estilo de vida independentemente do século em que vive.
Durante 3 anos vivi numa zona onde portugueses, indianos, africanos e ciganos partilhavam o mesmo bairro. Na parte que me toca, e dada a idade que tinha, a partilha era feita essencialmente na rua a correr atrás de uma bola. Foi nessa altura que aprendi uma máxima do povo cigano, explicada pelos próprios: "para um cigano é uma vergonha ter que trabalhar para outra pessoa". É uma questão cultural que entendo. Mais dificil é perceber quando explicam que "no entanto, roubar já não é uma vergonha".
Enfim, evitando os jargões morais, é fácil perceber que a integracão de alguém cuja cultura não permite que trabalhe para outro alguém será, no mínimo, complicada. A União Europeia tem regalias e direitos para quem cá vive mas também tem regras. Se uma pessoa se recusa a aceitar essas regras, seja qual for a especificidade da sua cultura, dificilmente poderá reclamar pelas regalias.
E o caso dos ciganos é apenas esse. Vivem num mundo próprio dentro de outro mundo. Na altura em que os mundos se tocam, normalmente comecam os problemas. E claro, são um alvo fácil do populismo.
Há problemas que se repetem de minoria para minoria. Umas tentam a integracão e não conseguem (sim, o racismo existe!) outras nem se esforcam e limitam-se a criar uma réplica da sua cidade natal no país que os recebeu.
O que não faz sentido é a diferenca de tratamento. Ou entendemos a especificidade de cada minoria e tentamos uma integracão com as culturas originais incluídas, ou então, e isto aplica-se a todo e qualquer cidadão, a permanência na UE é vetada a quem não cumpre os requisitos legais para tal (e neste caso ficaria muito pasto livre por essa europa fora).
Eu defendo a integracão respeitando a cultura original até um certo limite. Usando exemplos para chamar os "bois pelos nomes".
Não me importo que construam mesquitas com o dinheiro dos meus impostos para que a comunidade iraquiana possa seguir com a sua cultura religiosa, mas já me aborrece mais se o dinheiro for utilizado para suportar um imigrante (homem) que fique em casa porque a sua cultura defende que só a mulher é que deve trabalhar.
Algures no meio estará a virtude.

2 comentários:

Nico disse...

Nao te importas que construam mesquitas com o dinheiro dos teus impostos?
o que diria Afonso Henriques?

Tiago Franco disse...

Não, não me importo. Só me importo é se se recusarem a trabalhar porque têm que ir lá picar o ponto 5 vezes por dia :)
Imagina como seria a tua vida (aí desse lado) se a mistura de racas, credos ou religiões não fosse tolerada.
Bem estavas entalado :)
No Cheers só vias Cherokees e Apaches a beber cervejola!