quarta-feira, agosto 25, 2010

O pão duro


Aqui há uns anos, 10 para ser mais exacto, uma pessoa amiga, imigrada na alemanha desde a década de 80, ouvia as notícias sobre Portugal na minha cozinha, durante uma das suas passagens pelo país. Reparei ao fim de alguns minutos que eram notícias gravadas há, pelo menos, 15 dias. Perguntei nessa altura porque estava a ouvir notícias antigas ao que ele me respondeu: "Muda-se o nome do morto ou da auto-estrada, do político ou do caso mas na essência a história é a mesma. Não é por isso necessário ouvir a mesma coisa todos os dias".
Lembrei-me desta conversa hoje depois de ler esta notícia. De facto ele tinha razão e hoje, longe de Portugal, constato isso mesmo de cada vez que abro um jornal.
Substitui-se "submarinos" por "blindados" e o resto deixa estar. O Portas, as contrapartidas, os incumprimentos de contrato, a escolha no concurso, o dinheiro público e as histórias mal contadas.
Não vale a pena sequer discutir a investigacão. Cheira a esturro por todo o lado mas vai chegar ao portod e abrigo do costume. Quem tinha que meter ao bolso já meteu e agora, pouco importa quantos tanques chegam ou se algum funciona. O interesse não era reforcar o exército, era só fazer uma negociata com o dinheiro dos contribuintes. Faz-me lembrar aquele ruinoso negócio dos F-16 há uns anos. Compraram não sei quantos aos amigos americanos (se a memória não me atraicoa), quando abriram as caixas e comecaram a montar o lego acho que arranjaram pecas para dois. No ar, em terra ou no mar, o que é preciso é que um amigo qualquer embolse uns milhares valentes.
Sendo um filme mais que visto, focar-me-ei apenas na "capa" usada para torrar o dinheiro dos impostos: o exército, a marinha ou a forca aérea. Alguém me explica para que precisamos nós de submarinos, aviões de combate ou de "chaimites" novos? Alguém me explica sequer porque é que precisamos dos 3 ramos das forcas armadas? Falamos, acho eu, de 40 000 efectivos.
Consigo perceber a existência de umas unidades especiais de GI-Joes para as operacões da Nato, de alguns servicos de engenharia de suporte (radares, etc) ou de uns efectivos que controlem a nossa costa (por mar e ar), mas sinceramente, qual é a justificacão para torrar mais uns milhares em blindados?
Temos por acaso a ilusão que as forcas armadas servirão para defesa do território nacional? Admitindo que alguém queria invadir o nosso país, o que como se sabe acontece semana sim, semana não, de que serviria o exército? A não ser que o invasor fosse a guarda suica do Vaticano, não estou a ver bem a utilidade.
Não estamos em zona de senhores da guerra (como a Somália), não temos conflitos étnicos (como na Jugoslávia) e não temos disputas territoriais ou religiosas (como no médio oriente...sim, quem é que quer saber de Olivenca??). Para que é que alimentamos 40 000 funcionários públicos vestidos com o fato do Fidel?
A história ensina que não é o exército mas sim a vontade popular que determina a resistência ao invasor.
Quando Hitler entrou em Franca foi recebido de bracos abertos pelo exército francês (foram os populares que se organizaram e formaram a resistência). Quando a guerra rebentou na Jugoslávia, o exército e as armas estavam na antiga capital (Belgrado) e por isso, foram os Sérvios que partiram em vantagem para o conflito. No início, os croatas nem uma fisga tinham no país e tiveram que se organizar para fazer entrar armas às escondidas pelas fronteiras e recrutar efectivos. Quando comecaram a combater já o norte do país estava ocupado pelo antigo exército jugoslavo. Ao fim de algum tempo conseguiram recuperar as cidades e correr com os sérvios para lá de Vukovar.
Se algum dia tivermos a infelicidade de viver uma situacão semelhante, será a vontade popular e as aliancas políticas com os seus interesses a determinar a sorte do invasor.
Sem a ajuda da Nato ou da mais antiga alianca do mundo (com os ingleses) bem podem comprar chaimites e fazer com eles jarras de flores.

2 comentários:

Anónimo disse...

Voçe faz fazer uma pergunta, porque serve os clubes de futebol??? Caso não saiba os submarinos são os que mais detectam trafico de droga na nossa costa, mas secalhar seria melhor deixa entrar ainda mais droga no território nacional, a marinha precisa de meios para executar as suas missões, entre as quais salvar vidas no mar... Mas sem meios modernos e navios velhos, os gastos ainda são maiores para manter os velhos, uma frota nova dava menos despesas...

Anónimo disse...

A marinha estava a equipar-se para os tempos de hoje com os patrulhas oceânicos, mas infelizmente não foi tudo concluído... Em relação aos funcionários públicos vestidos de fidel, também fazem os seus descontos como qualquer cidadão e ainda tem mais responsabilidades, pois se falharem pagam a dobrar... Devia-se mais preocupar com certas e determinadas pessoas que ganham mais que os militares sem fazerem nada, infelizmente os ciganos. Ganham mais ao final do mês que esses funcionários públicos que juram defender a pátria com o sagrificio da própria vida, e acredite que davam... Não se esqueça que os militares não tem culpa de quem está a governar o país,não a saber fazer... A culpa é de todos nós que os metemos lá e despois viram-se para quem não tem culpa, é militares, policias, etc...