
Daquelas que me fazem ter orgulho em ser português, povo heróico que resistiu aos espanhóis (esquecamos aqueles 60 anos de má fama) e a Napoleão (esquecamos novamente os espanhóis que nos tentaram entalar…”nuestros hermanos” my ass!!!), que descobriu novos continentes e caminhos marítimos (a descoberta mais importante foi claramente as Seychelles…como é que perdemos aquilo???), que espalhou a cultura portuguesa pelos 4 cantos, que há 150 anos tem a melhor receita de pastéis de nata e por aí fora.
O que ouvi eu?
Diz-me o camarada da radio, aqui bem perto do meu ouvido que, e passo a citar, “foi aprovado um novo plano turístico que prevê a construcão de hotéis em zonas protegidas da Costa Vicentina”.
Bom…por onde comecar? Acho que a frase que o locutor usou de imediato serve na perfeicão: “ou seja, vão dar cabo daquilo”.
Tal e qual.
A Costa Vicentina, um dos últimos cantos de Portugal que ainda não está destruído pela massificacão turística, passou a ter os dias contados.
Imagino que um pouco daquele espectáculo arquitectónico que podemos ver entre Lagos e Vila Real de Santo António, esteja dentro de uns anos também disponível numa zona cheia de verde, praias fabulosas, encostas selvagens e alguns recantos com pequenas praias desertas. Isto de ter a natureza tal como ela nasceu é uma chatice.
Há que escavacar, construir hotéis nas arribas e arranjar mais uns milhares de camas para trazer operários ingleses maravilhados com o preco da cerveja, com a quantidade de pubs que transmitem os jogos do United, com o verde vivo dos campos de golfe e com a bela calcada portuguesa optima para plantar papéis e paus de gelado. Tudo a preco da chuva claro. O espaco não é muito mas é melhor apostar em turismo de massa. Precos baixos em hotéis horrorosos, campos de golfe em zonas secas como o Sahara, tudo o que for necessário para atrair ingleses dos subúrbios e pés-de-chinelo. Turismo de qualidade é que não. Venham as massas para estes 650x200km de terra.
Os anos 80 não nos ensinaram nada. Venham umas luvas para os autarcas e para os secretários de estado, e tudo se resolve.
Eu sugeria, depois de bem escavacado o sudoeste alentejano, uma incursão na serra do Gerês.
É muito verde para o meu gosto. Até me enerva. Um toquezinho de cimento e ficava um mimo.
1 comentário:
Que crime. Ainda estou aparvalhada, não sabia disto. Mas até estava admirada como é que ainda não se tinham lembrado de tal façanha.
Conheço bem muitas das praias do litoral alentejano, aliás, as minhas preferidas de há muito, se se concretizar o que diz, vou chorar de saudades.
P.S.: há poucos dias fui à praia da Fonte da Telha, horror, lixo por todo o lado, restos de casas demolidas e por demolir e outras em construção em cima de destroços. Já para não falar do caos no estacionamento e dos muitos cães vadios de volta do lixo.
Um abraço
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