terça-feira, março 23, 2010

1 Ano


É engraçado verificar a evolução das crianças.
Raramente consegui que o Diogo fixasse o olhar na mesma coisa mais do que uns segundos. Normalmente parece um cata-vento a olhar para tudo ao mesmo tempo. É uma fase imagino.
Mas hoje foi diferente.
Mal acordou, virou-se para o lado e ficou largos minutos a olhar para mim. Olhou, olhou. Estendeu a mão e tocou na minha cara. E continuou a olhar e a entrar bem fundo nos meus olhos. Fui invadido por um aconchego que nunca tinha sentido. Ele parecia querer dizer o mundo com os olhos. E não parou, não parou de me observar, de me fazer festas e de dizer algo num silêncio ensurdecedor.
Nunca me senti tão próximo do meu filho, nunca senti um laço tão forte. Algo se criou ali e eu senti-o em cada célula. Resolvi imitar. Fixei os olhos nele e não desviei por um segundo, seguindo cada movimento das suas mãos. O aconchego não desapareceu e as lágrimas começaram a deslizar pela minha cara. Lágrimas boas, daquelas que dão sentido a tudo.
Coincidência, ou talvez não, lembrei-me da primeira vez em que trocámos um demorado olhar.
Foi há exactamente um ano. Tinha nascido há minutos quando me foi colocado nos braços enrolado num cobertor azul. De olhos meio abertos, mal se mexia, mal esboçava qualquer reacção e no mesmo silêncio olhava para mim. E eu para ele interrogando-me "e agora?".
E agora? Agora tudo mudou. A vida entrou no seu modo carrocel e não mais parou de rodar. Uma voltas esperadas, outras fora do guião. Mas...sempre com um centro comum, o Diogo.
Recordo agora as perguntas dos mais próximos há um ano: "Estás pronto para ser pai?"
Não estava e duvido que alguém alguma vez esteja. O impacto emocional que um filho cria não se ensaia, não se simula, não se treina. É ver e sentir para crer.
Ver como cresce, como evolui, como se transforma. Um simples sorriso e a Primavera começa. É um sentimento único, um turbilhão de emoções.
Um dia-a-dia onde cada minuto conta, especialmente na ausência.
Não há nada que pague ou compense as horas longe do Diogo, rigorosamente nada. É um pedaço de mim que fica em cada partida.
Até isso é uma descoberta. O amor que se sente por um filho. Como toca, como enche, como emociona. Único.
E, entre abraços e sorrisos, pequenos passos e tropeções, sons e gestos, passou um ano.
Um ano com um novo significado, um novo alento, um novo referencial.
Uma vida que vai ganhando forma e personalidade. Um palmo de gente que me faz reviver o passado e suspirar pelo futuro.
Quero. Quero tudo. E quero essencialmente partilhar com ele. Cada aventura, cada passo, cada decisão.
Temos tanta conversa para pôr em dia miudo...vê lá se começas a falar!
Parabéns filho.

5 comentários:

Inês disse...

Parabéns Tiago :) Pelo Diogo. Por tudo o que ele representa.

Anónimo disse...

Parabéns Diogo, por este ano.
Sei que ainda não vais ler estas palavras, mas também sei que o teu pai, te irá dizê-las, senão textualmente, será de uma forma que tu te lembrarás para sempre.
Pouco contacto temos tido, mas o que tivemos, nunca mais se apagará da minha memória, os saltos que tu deste no meu colo, o teu sorriso sempre alegre, a tua boa disposição.
Tu és e sempre serás o Minhoquinha do Avô.
Muitos parabéns.

Avô Laureano

Vasco disse...

Parabens, Diogo!

O meu filho vai nascer daqui a um mes, e este post expressa bem aquilo que sinto.

Anónimo disse...

;)Parabéns!!! e muitas saudades... Beijinhos da "tia" M.

Anónimo disse...

Parabens Diogo!!Paula canada