quarta-feira, novembro 25, 2009

O meu filho


Apetece-me falar do Diogo.
Aliás…o que me apetecia mesmo era falar com o Diogo. Mas por enquanto isso não é possivel. Não é que ele não esteja a dominar a língua de Camões, nada disso. Já diz o clássico ma-ma como quem enche uma fralda. Primeiríssima sílaba. O já mais rebuscado pa-pa só saiu uma vez ainda e por sorte, estava lá e ouvi. Foi há poucos dias.
E porque é que me apetece falar do Diogo? Porque de alguma forma ele mudou a minha vida. O mundo não parou porque nasceu um bébé, mas a minha vida, a minha existência, ganhou outro calor, uma nova alma e outros olhos para o dia-a-dia. Há mais uma peca do puzzle que se encaixa.
O tempo passa a correr. Depressa demais. Ainda ontem o estava a agarrar na maternidade e 8 meses passaram desde então. Sem tempo para olhar para trás.
Todos os dias aprendo algo. Todos os dias aquele miúdo tem algo para me ensinar. A comecar por uma nova forma de sentir, uma nova forma de amar.
Há realmente um sentimento único que nasce no momento em que nasce um filho. Não o consigo descrever. É um calor que nos percorre cada veia e traz conforto, bem-estar, alegria e uma nova lista de prioridades. Lembro-me de ouvir a minha mãe dizer, quando eu a censurava por ser muito protectora do meu irmão, que "quando tiveres um teu, logo falamos".
Bom…não é preciso. Está falado. Está compreendido.
O Diogo é, sem qualquer espécie de dúvida, aquela luz que brilha nos meus olhos, aquele sorriso que segue a cada sorriso dele. E são muitos. Como ri aquele miudo.
Em menos de uma semana passou de deitado a rebolar para deitado a arrastar-se. Assim tipo rambo por baixo do arame farpado. Alguns dias depois comecou a gatinhar. Meio trambolho, mas a chegar a todo o lado. Fios, tomadas e por aí fora.
Não há brinquedo mais interessante que um bom fio eléctrico. E eu ali. Sentado. A ver tudo a acontecer com o coracão cheio e os olhos brilhantes. Aperto-o. Aperto-o muito. Encho aquelas bochechas de beijos até ele fazer cara má por causa da barba.
E o pensamento? É constante. Outras coisas aparecem…detalhes de trabalho, conversas de amigos, problemas do quotidiano…mas o Diogo está sempre presente, normalmente sob a forma do último sorriso que a minha memória guardou.
Dentro de 1,5 meses comeco a licenca de paternidade. Há 6 meses que conto os dias. Está quase. Sinto orgulho. Um orgulho enorme. Não sou o gajo mais jeitoso do mundo e normalmente as minhas obras saiem assim para o torto…é um facto, mas, se algures nas linhas da vida fiz algo bem feito, tenho para mim que foram aqueles 69cm de gente.
Recentemente descobri uns álbuns de fotografias da guerra de 14, feitos pelo meu pai numa altura em que não havia fotografia digital. Está lá tudo, do primeiro mês até à semana passada. Mais coisa menos coisa.
Foi uma descoberta interessante por duas razões, primeiro fiquei a saber o balofo que era em miudo, o que é sempre um mimo, depois porque com auxílio dessas fotografias vou vendo o crescimento do Diogo em avanco. Até eu fico impressionado.
Há fotos a preto e branco que poderiam perfeitamente ser do Diogo em 79…cara chapada. Verdade, dá-me um certo gozo ver que o meu filho é igual a mim. Não o nego. É humano.
Por outro lado sei exactamente como é que ele vai ser daqui a 10 anos.
Bem vistas as coisas, estou a viver o argumento daquele filme do M.J.Fox e do gajo despenteado na máquina do tempo.
E por mim tudo bem.

4 comentários:

Suspiro disse...

Adorei ler as tuas palavras... E muito do que escreveste tb senti e sinto! ;) Os bfilhos realmente mudam a vida de uma pessoa, para melhor claro!| ;) beijocas e muitas felicidades para os pais e para o Diogo que é um doce de menino

Vasco disse...

Eu leio com gosto as palavras que vais escrevendo aqui e ali sobre o Diogo e a tua experiencia da paternidade. Eu espero o meu primeiro filho(a) para Abril, e não tenho dúvidas que vais ser um acontecimento monumental na minha vida. Parabens, Pai!

Anónimo disse...

Gosto tanto quando os pais falam dos filhos com esta ternura que vi aqui nas suas palavras. Gosto imenso de ver, ouvir, ler o que os pais dizem e sentem pelos filhos, sem vergonha de o demonstrar e sem qualquer problema de ouvirem velhos do restelo dizerem que isso é coisa de mães. Eu tive o privilégio de ter um pai que se emocionava e chorava de alegria, de emoção de ser pai e avô, super carinhoso. E sei quanto isso é bom.

Não tenho dúvidas, mesmo só o conhecendo virtualmente, que o Diogo quando começar a falar lhe vai dizer que é o Melhor Pai do Mundo. E lhe vai agradecer, mais tarde, por estar tão presente na vida dele.

Só mais uma coisa, a si e aos outros pais, aproveitem e mimem muito os vossos filhos, é que o tempo voa e são esses momentos de grande cumplicidade e mimo que vão ficar para sempre. E valores e família e isso tudo que me parece que também recebeu e por isso sabe transmitir tão bem, o Diogo é um privilegiado, é o que é.

Parabéns e muitos beijinhos. E acho até que já lhe tinha, sim, acho o Diogo parecido consigo.

Helena

Anónimo disse...

O Diogo, e muito giro. De certo que e parecido com o pai, mas tambem, com a mae.Gosto de "ver", toda essa ternura. Todas as criancas do mundo, deviam, ter algum a falar sobre elas, com essa ternura e carinho. O Diogo, e um rapaz com muita sorte. Parabens Tiago, pelo que sente, e a maneira como o descreve. Paula, Canada