segunda-feira, novembro 23, 2009

Talvez seja a segunda-feira ou a taca...pode ser isso sim.

Li um texto aqui há atrasado (expressão permitida apenas a moradores a norte do Mondego) que me fez pensar.
Falava da justica portuguesa. Ou da falta dela.
Recordava vários casos e, analisando a coisa, nota-se um denominador comum: a inexistência de decisão.
Olhando para o caso do momento, a "face oculta", verifica-se o mesmo argumento, o mesmo filme tantas vezes repetido.
No início são as primeiras páginas, aberturas de telejornais e "repórteres em directo do local".
O país acorda, respira, vive e adormece com o caso.
O tempo passa e o processo vai-se enrolando. Complicacões daqui, escutas não válidas dali, um arquivamento a pedido e sempre, mas sempre, com pessoas com peso e responsabilidade na Justica a debitarem asneiras que deviam estar no segredo dos deuses.
Seguimos tudo online...a versão moderna do Roque Santeiro (lá está, há revivalismo no ar) sem Sinhôzinho Malta.
Esta sequência de acontecimentos foi o padrão para o caso da Casa Pia, submarinos, padre Frederico, Felgueiras live at Copacabana, moderna, independente, Maddie, BPN, BPP, Vale e Azevedo no bairro do Abramovich sem pagar renda e a fugir à polícia e agora "Face Oculta".
Alguém sabe há quanto tempo comecou o julgamento da Casa Pia?
Alguém conhece um condenado, uma decisão um encerramento diferente de "processo arquivado"?
Há impunidade em Portugal para políticos e figuras públicas? Funciona a justica por cunhas? Não são os tribunais independentes? Como pode o estado de direito funcionar quando a aplicacão de justica é inexistente? Seremos assim, enquanto país, tão atrasados e corruptos que não conseguimos que o pilar da democracia funcione? Seremos nós, enquanto povo, tão desinteressados do nosso país que nos permitimos ver, ler e ouvir a corrupcão em cada esquina sem fazer ou exigir nada?
Será possível ver toda a europa comunitária a crescer, a evoluir e a avancar sem ter um pingo de vergonha?
Há dias em que sinto orgulho em ser Português. Felizmente muitos.
Mas sinceramente há outros, como o de hoje por exemplo, em que me sinto revoltado com o nosso crónico atraso. Sinto vergonha por ter nascido num país onde a corrupcão e a xico-espertice ditam regras (D. Ana, também não te custava nada ter andado mais uns kms para comprar caramelos e como quem não quer a coisa fazias o "agoraaa...forcaaaaa..." em Badajoz).
É assim tão dificil encontrar gente honesta para meter à frente das autarquias, ministérios, sindicatos, associacões, institutos, tribunais e clubes desportivos? Deve ser. Certamente que é.

1 comentário:

Anónimo disse...

Acho que o descrédito que todos sentimos em relação à justiça, faz-nos encolher os ombros e pensar que é mais um processo, mais uma vigarice que vai ficar por isso mesmo. Nunca ningém é culpado, a não ser claro está, que seja um cidadão anónimo e que pague os seus impostos.

Quando passado pouco tempo do 25 de Abril de 74, o meu pai me disse que "agora é preciso, a par desta, uma revolução cultural, se não nada feito". Na altura, ainda não tinha 10 anos, não percebi muito bem aquelas palavras, hoje, acho-as sábias e visionárias. De facto, enquanto formos incultos, mal-formados, com pouco sentido de cívismo e arrogantes, só temos a perder. É triste, de facto.

Um abraço,

Helena