quinta-feira, novembro 12, 2009

Mais 0 menos 0


Há quem diga que tenho uma enorme capacidade para me distrair.
Não aquele distrair de mojito na mão e raios U-V nas Baleares. O outro. Aquele do comecamos a falar do Sócrates PM e sem saber como já estamos no metro da cidade universitária só porque o filósofo escreveu umas patacoadas na parede.
Ontem, enquanto olhava para o meu cenário diário (em cima) comecei a divagar como normalmente faco sempre que, e isto acontece muito, tenho que me concentrar na mesma coisa por mais do que 10 minutos.
Os risquinhos aí do quadro são perguntas e respostas, feitas em formato digital, por um radar de um carro com ligacão ao sistema de travões. Muito interessante. Quase tanto como a desova do esturjão.
Mas, perdendo-me naqueles 0s e 1s, comecei a filosofar. O meu trabalho diário resume-se a números. Números que devo programar, números que devo interpretar e números que devo testar. Até eu sou um número numa gigantesca organizacão.
Com tantos números que existem por aí, alguns até de elevado calibre, toca-me trabalhar só com dois: o 0 e o 1. É azar. Ainda por cima dão muito mais trabalho a ler. Ora reparem: 00000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000010 significa '2'. Não era mais simples escreverem logo 2 e pouparem os meus olhos? Eu acho que sim. Mas ninguém me ouve.
Adiante.
Comecei a pensar: "E se eu falho? O que é que acontece?"
No pior dos casos o sistema de travagem falha nas mãos do cliente final. Ele vai contra um poste e eu percebo que falhei algures num zero. Pode acontecer.
Mas imagino que seja assim em todo o lado. As outras marcas não devem ter robots na minha posicão…de qualquer forma, se resolverem comprar um Focus ou Mondeo para o ano que vem, liguem primeiro.
Daqui saltei para a influência que o nosso trabalho tem nos outros. Não me consegui lembrar de nenhuma funcão que não tenha, de alguma forma, interferência na vida de alguém.
Pensei no pasteleiro. Se ele não usa boné podemos ter mais do que um brinde no bolo-rei. O fotógrafo…se não acerta no momento ficamos para a posteridade com cara de troll. O funcionário das financas se não tomar mais do que 5 cafés podemos sair de lá em apenas 6 horas. Se o trolha não se enganar a chapar massa ou a meter brita, podemos percorrer uma ponte sem meter os pés no rio. Se o gajo que testa o trem de aterragem do airbus não se enganar em nenhum 0 podemos aterrar suavemente sem fazer faísca. Se um professor se enganar numa avaliacão poderemos ter alguém que seria um brilhante pediatra e castrar gatos.
Enfim…todos, de alguma forma, metemos o bedelho no dia-a-dia alheio.
De alguma forma fiquei preso naquela do pasteleiro.
Huummm…uma bola de berlim que caísse aqui na minha mesa neste momento não durava 7 segundos. Se viesse acompanhada de uma galão então…
Ups…já está…bola de baba no teclado. Acontece aos melhores.
Olha, olha…onze da manhã. Como o tempo passa quando se divaga.
Os 0s e 1s ficam um bocadinho em lume brando que eu já venho.
Já estou atrasado para o salmão.

3 comentários:

Anónimo disse...

Se eu podia viver sem ler o seu blogue todos os dias? Podia, mas não era a mesma coisa.

Delicioso, simplesmente. A da bola de berlim não vale, é que eu estou a tentar fazer dieta.

Um beijinho

Helena

RN disse...

A brincar que o digas:
O que acontece quase se troca um 0 por um 1

Tens a certeza que aquele 000011000111 ali em cima não deveria ser 000010100111? :)

Boa sorte,
RN

Tiago Franco disse...

RN,
caldeirada das grandes :) Compra alemão...raramente falham :)


Helena,
mto obrigado :)

tf