Gosto de regressos.
E porquê?
Porque gosto de novidades.
Não no sentido calhandreiro da coisa. No sentido de que algo muda sempre enquanto estamos ausentes.
Comeca logo pelo regresso do céu.
Não há que enganar.
Portugal, Espanha, Franca,Bélgica, Holanda e Alemanha. Todos com um céu limpo. Mal se atravessa o Báltico assiste-se a um congestionamento de nuvens. Chegam mesmo a usar os cotovelos para arranjarem um espaco de céu azul para tapar.
O avião para aterrar em Gotemburgo depende quase exclusivamente dessa maravilha da ciência que é a navegacão por instrumentos.
Estou convencido que o sítio onde os escandinavos mais regularmente viram o sol foi nos episódios do Baywatch.
De entre os regressos, aquele que aprecio menos é o regresso ao trabalho.
Não sei bem porquê.
Tem algo a ver com uma vértebra e o baixo alentejo. Já me explicaram, mas de momento não me ocorre.
O regresso à labuta na Suécia é como a primeira semana no secundário. Sumário: apresentacão.
Por estes lados, ao fim de uma semana de calinadas, é hábito ouvir "ainda estou com a cabeca na praia".
O regresso é por isso doce.
Escusado será dizer que imaginei idêntico cenário para mim. Emigrante sim senhor, mas filho de jesus lord como os demais.
Contudo, passaram-me as ilusões com a rapidez de um TGV (TGV entenda-se: um comboio rápido que não pára em cada santa terrinha. Qualquer semelhanca com o que se prepara em Portugal é pura coincidência).
Desconfiei que algo estava mal quando entrei e olhei para os meus colegas.
Não os vi.
Não é que não tenha tentado, mas os lugares estavam vazios.
Por outras palavras, estava só.
Comecei a bater sola nos corredores e ao fim de algum tempo descobri os meus camaradas de labuta 4 pisos acima.
3 cafés depois lá me explicaram que um careca com cara de PIDE andou a fazer queixas da nossa equipa ao chefe de departamento. "Fomos tramados com F", dizia o meu colega trocando o habitual inglês de Oxford por outro usado nas docas de Newcastle.
Para castigo, fomos todos enviados para lugares no raio de visão do referido chefe. Um tau-tau nunca fez mal a ninguém. É o que a minha avó diz.
Como bónus ficámos também perto do careca, o que embeleza ainda mais o cenário.
Muito bem.
Não era a novidade que esperava, mas marcha.
Quem não tem um lambe-botas por perto que atire a primeira pedra. Todos temos direito ao oxigénio.
Antes que tivesse tempo de comecar a empacotar a tralha que durante 1 ano espalhei com carinho nesta mesa, disseram-me: "...mas há mais".
Bom, aí tirei outro chá e ouvi.
Durante as minhas férias, um colega de outra equipa deveria fazer parte do meu trabalho, segundo um acordo pré-estabelecido entre os dois projectos. Inicialmente, ele teria uma semana para fazer um conjunto de testes a um sistema de airbag. O fornecedor em questão foi mais competente do que se esperava e entregou o dito sistema duas semanas antes. O meu colega, bom rapaz mas ingénuo, disse em reunião de grupo: "planeei para uma semana, como tive duas, não fiz nada".
Ora, este tipo de organizacão nem um sueco papa. Foi um daqueles saltos de fazer corar o Nélson Évora.
O que inicialmente estava previsto para 3 semanas, passou para uma mão-cheia de dias.
E ao que parece tocou-me a mim.
E tem que ser rápido.
Muito bem.
Bebi o meu último trago de chá e deitei-me a pensar.
Perante tal cenário, o que faz um profissional sério e dedicado à causa?
Ainda tive que esperar uns bons 2.5ms, mas a custo, a resposta lá apareceu na minha cabeca.
"Vou jogar à bola."
Não vejo outra solucão.
Sumário: continuacão da aula anterior.
3 comentários:
Bem vindo!
Ah! Se demorasses mais uma semana eu ia ter de mandar procurar o único gajo com menos de 1m90 na Suécia!
Finalmente de volta...força para o trabalho!
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