O contacto com o mundo afinal cria alguma dependência.
No regresso de férias tentei recuperar as notícias dos últimos dias, comecando por aquelas que dizem respeito ao meu país. Passei os olhos pelas entrevistas e debates que a RTP fez aos candidatos à CML e assustei-me com o vazio. Fiquei um pouco perplexo quando ouvi o Câmara Pereira. Eu sei que não é para ser levado a sério, eu sei que é um partido monárquico e já sei que sóbrio ele se atrapalha, mas ainda assim há um limite que se espera de uma candidato político. Limite de estupidez. Quando questionado sobre o plano de reabilitacão de M. J. Nogueira Pinto disse: "Ahn?? Ahh..epá...não sei...mas pelo que li não!! Deixem Lisboa como está!! Lisboa é uma cidade linda!!". Durante todo o tempo de antena que a RTP lhe deu limitou-se a dizer que Belém era uma zona emblemática porque tinham partido caravelas para...uhhhh...ehhh..marrocos?? A jornalista até completava as frases. Ele não conseguiu terminar uma. Há que conseguir pelo menos falar para brincar aos políticos. Já não digo acertar, basta conseguir falar.
Depois, já com os resultados conhecidos (obrigado RTP pela tv online!!) um pormenor que me parece interessante de analisar. O PNR consegui 1% dos votos. 1% em 100 significaria que J.P.Coelho teria votado nele próprio. Como parece que votaram mais do que 100 pessoas, já acho preocupante um partido de fachada e com ideais nazis ter mais de 15 000 votos.
Também achei caricato aquele número do Paulinho das Feiras do "vou convocar um congresso para me dizerem que sou o maior e venho já". Narana Coissoró fez sobre este assunto o melhor comentário: "passámos a pertencer ao clube dos pequenos". O Paulinho tem muitos defeitos mas por norma é um bom estratega político. Desta vez espalhou-se em toda a linha. Fez mal em correr com a Nogueira Pinto, fez um combate desleal a Ribeiro e Castro (e para azar dele toda a gente percebeu), escolheu um mau candidato para Lisboa e cereja das cerejas, fez destas eleicões um teste à sua lideranca. Paulinho, nem os teus opositores tracariam uma melhor estratégia para ti.
Uma última nota para Carmona. Para mim, e pelas razões erradas, o grande vencedor da noite. Concorreu como independente e com arguidos na lista. Fez o papel de vítima do PSD e de repente, todos os buracos de que foi responsável ou co-responsável (convém não esquecer que ele foi o n 2 do Santana) desapareceram. Os processos que sobre a sua vereacão caíram num passe de mágica evaporaram-se em plena campanha. É de artista. Até o impasse na altura de se recandidatar foi de uma leitura clara. Há interesses privados em Lisboa presos na vereacão de Carmona. A queda da câmara ia deixando tudo em águas de bacalhau, mas com a nova "equipa independente" esse problema está resolvido. Não espero melhorias na CML. Oxalá eu me engane.
Já longe da CML li outra notícia que me deixou espantado. Ou então não.
Alberto João, dono e senhor de uma parte do território português, não deixa que uma lei aprovada pela AR seja respeitada no seu quintal. Alberto sobrepôe-se à República e tem a lata de dizer que não acredita que Lisboa lhe vá impôr essa lei de uma forma "colonialista".
Porque é que não pegamos nos militares que estão a dormir nos quartéis e não fazemos um golpe de estado na Madeira? Assim de repente parece-me uma medida de foro democrático extremamente adequada.
Será que os chaimites ainda pegam?
3 comentários:
Ocorre-me apenas dizer: exacto!
Agora é que vejo como tinha saudades dos teus cometários da actualidade sempre incisivos e correctissímos... e sempre com um pequeno humor afecto! bem vindo... fizeste falta aos teus leitores!
Estou totalmente de acordo contigo. E o debate que cometas foi vergonhoso... não consegui ver té ao fim... actualmente tenho sempre a sensação com estes debates políticos que estão a gozar com quem está a ver!!!
O AJJ é o verdadeiro asno português. Golpe de estado? Para mim era mais golpe no lombo :/
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