quarta-feira, julho 18, 2007

A amora de Santa Maria

Olhar para a Mariana faz-me sempre pensar. Depois de largar umas lágrimas claro.
Está mais e mais bonita e cresce a olhos vistos. Atingiu rapidamente aquele formato de "já te posso apertar!!". Assim de repente, e de uma forma totalmente isenta, não me lembro de alguma vez ter visto uma bébé tão bonita. Poderia ser uma mera opinião, mas é uma facto. Mariana, se estás a ler isto (é porque já tens no mínimo 6 anos, se bem que a Carolina é capaz de te por a ler aos 4), fica a saber que me enches de alegria.
"Como cresceu!!" leva-me a perguntar "será que come fermento??". Daqui para a culinária foi um curto passo.
Pelas minhas contas, que mesmo não sendo as do Cavaco raramente me enganam, passam agora 8 anos desde que comecei a viver sozinho.
"Sozinho" aqui não é sinónimo de "só". Significa apenas que o meu pai para entrar no meu quarto ao meio-dia todos os sábados e dizer "pequeno-almooooooco" tinha que andar mais 20 Km. "Só" é uma palavra que felizmente nunca fez parte do meu dicionário.
Desde 99 muita coisa aconteceu na minha vida. Aspectos interessantes, outros nem tanto.
Mas há um que me apraz destacar: a destreza culinária.
Em tempos idos reinava a preguica e os primeiros contactos com o tacho não foram dignos desse nome. Confesso.
Cérelac, pudim Mandarin e pasta carbonara. Sim, essas mesmo, as traves mestras da arte de bem comer. Tentei dominá-las sem sucesso. Papa com grunhos, pudim sem acucar e pasta colada. Nessa altura, surgiu uma padroeira que me oferecia belos tupperwares (adoro esta palavra - lembro-me logo das coleccões que a minha avó faz para o meu enxoval desde que nasci) de "sopa de entulho". Tiago R., se a tua mãe não passa por aqui, manda-lhe "aquele abraco"! A sopa de entulho tinha tudo o que alguém pode querer da vida no mesmo prato. Couve, feijão, batata e por aí fora. O ponto óptimo era atingido no momento em que a colher fazia um ângulo de 90 graus com a base do prato sem qualquer contacto da derme humana. Era a perfeicão em forma vegetal. Esta imagem mudou a forma como olhava para o repasto e criou em mim o gosto pela haute cuisine.
Passei os últimos anos a desenvolver esta arte e é com algum orgulho que relato a chegada à internacionalizacão.
Abandonei as traves mestras e lancei-me em pratos refinados. O cérelac foi substituido pelo Nestum, o Mandarin pelo Boca Doce (3 camadas com bolacha no meio) e a Carbonara por Sushi (certo, não o faco mas como-o com pauzinhos...além do mais é só enrolar arroz! Até com a boca consigo fazer isso!). Se isto não é requinte, então não sei.
Pensava eu que já estava no nível Goucha quando o génio me invade pela manhã na forma de um pequeno almoco inter-continental, cuja patente aqui registo.
Dentro de um pão sueco coloco duas fatias de queijo dinamarquês. Barro um pouco de doce de amora caseiro que a cada dentada me traz o sabor das silvas de Santa Maria. Salto de continente cortando duas fatias numa banana da Colômbia. Fecho o pão e dou aquele toque na parte de cima para "acalcar". Vejo pedacos da banana a sair pelos lados e percebo que atingi o ponto. Acompanho tudo com café italiano devidamente temperado com leite norueguês.
"Sande & galão" dizem vocês. "Pequeno almoco variado, de influência bi-continental e de elevado requinte", digo eu.

5 comentários:

Anónimo disse...

podes crer parece uma boneca, tambem concordo contigo e dificil encontrar bebe tao bonito, se calhar só quando forem os meus netos.
Um beijo grande tudo de bom
Ana

Inês disse...

Eu é mais néctar lácteo aquecido au point acompanhado de cereais crocantes e enriquecidos pela energia do cacao... Que é como quem diz chocapic de manhãzinha!

Sandrinha disse...

A tua Mariana está realmente muito bonita (quase tanto como a minha ;o))
Em relação ao teu pequeno almoço, tens toda a razão, é digno dos deuses!!

Pia disse...

Tão Lindaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!
Lá está o meu instinto maternal e relógio biológico a funcionar LOL!

Ana Loura disse...

Pois é, querido Tiago...parei largos minutos a olhar a cara da Mariana, a tirar parecenças, a curtir aquela carinha linda. Não é que eu ainda não a conheço pessoalmente? Mas tá quase quase...tem que ser antes dela "ir pra tropa"...

É linda, mesmo, a nossa Mariana.

Agora vou a correr ler mais umas escritas tuas q estou muito atrasada e já vi que tu não paras...

Jinhos