terça-feira, dezembro 05, 2006

O aperto

Ontem foi a última aula de Sueco (no fim do primeiro nível quase que consigo dizer "Olá, chamo-me Tágio e venho de Portugal"). Lá para Fevereiro há mais, mas ontem cada um de nós teve que apresentar um pouco a sua terra natal. Para preparar o texto fui ver a história de Lisboa na "Wikipedia" sueca. Ao rever as fotografias (que belas fotografias de Lisboa voam na net!) senti um aperto de saudade. Não é que ela não exista de uma forma constante e permanente, mas acentua-se quando "vemos" o nosso cantinho à beira-mar plantado. Ainda por cima retratado por imagens tão fantásticas.
Este desejo do regresso a casa é bom. Traz-me conforto e calor. Depois de 3 buzinadelas de taxistas, umas horas passadas na 2a circular e alguns empurrões no Colombo isto passa-me, mas até lá, penso no Tejo, nas ruas estreitas de Lisboa, na vista do Castelo, no sabor de Belém e porque não, na caminhada à sombra da maior árvore da galáxia, no sempre divino Terreiro do Paço.
As pessoas. Essas sim disparam a ansiedade do regresso e molham-me os olhos. As pessoas que formam verdadeiramente o País na versão escolhida por mim. Tantos esqueletos que quero abraçar e tantas bochechas que quero beijar. Gosto da efusividade latina no reencontro. O sorriso, o abraço, o aperto. São tão nossos.
Tudo muda e como diz uma amiga "o tempo não pára mesmo", mas eu imagino os sorrisos tal como os deixei, os abraços semi-abertos e as discussões regadas com o mesmo tinto alentejano. Podemos agora reunir-nos em casas próprias, talvez a tasca do Bairro Alto já tenha um fumo que não combina com os fatos, talvez a hora de deitar se ajuste com a dos rebentos e pode até ser que adormecer às 7 da manhã suado e com a música a estalar nos ouvidos já não tenha tanta piada, mas os sorrisos são os mesmos. O gosto de vos rever é exactamente o mesmo e a vossa voz imaginada traz a mesma entoação.
A distância torna a memória selectiva e limpa todas as confusões. Só quem marca percorre de quando em vez as janelas do cérebro. Eu não escolho e nem tenho o trabalho de tentar perceber. É natural e por isso genuíno.
3 semanas. Terei 3 semanas para rever pessoas que me marcaram e cuja saudade reflecte a sua importância. Como adoro pensar nisso!
Tinhas razão quando dizias "o tempo não pára".
E ainda bem.

12 comentários:

Anónimo disse...

Cá te espero.

De braços abertos e com o coração apertadinho de saudades...

E com o meu maior tesouro que vais (finalmente) conhecer: a Mariana!
Está tão fofa... Todas as manhãs quando ela começa naquela ladainha na sua cama, num misto de fome e de vontade que lhe peguem, esgueiro-me até ela e surpreendo-me: como é que eu fui capaz de fazer uma "coisinha" tão linda? E muitas vezes fico comovida com a sua beleza, a sua pequenez e a sua enorme dependência. Adoro-a.

Já falta pouco para estarmos todos reunidos!

Até lá,
beijocas grandes.
Carolina.

Micas disse...

Pois é, pois é...qd estamos fora é que nos apercebemos do que nos faz bem à alma, a saudade é boa para isso e o "Tempo", o tempo não tem importãncia desde que os sentires sejam intemporais ;))
Fica bem

Anónimo disse...

E o nosso país é tão lindo, pá! Não há igual...

Anónimo disse...

volta depressa...
beijo bem gde do fundo do coração :)

cristina gaspar

Sandrinha disse...

A melhor parte das saudades é... poder máta-las!

:o)

Rui Silva disse...

Ui Lisboa que saudades que eu tenho dela... mas é lá longe. Porra está cada vez pior, cada vez mais confusa. Mesmo aqui, nos arredores, em Miraflores, já está a ficar a mesma porcaria. Agora atacaram os últimos lugarinhos de estacionamento que ainda existiam. São uns merdas estes portugueses, qualquer dia quem se pira sou eu!

Diário de um Anjo disse...

"Tágio?" É Tiago em sueco?:-)
Imagino o que sentes, nunca estive mais que duas semanas seguidas fora de Portugal. Quando passei esse pequeno período senti enormes saudades de Portugal. Até a bela música pimba me fazia nascer lágrimas no canto dos olhos:-(

Portugal, te aguarda! Vem, e enche bem esse coração do afecto dos que, como te dizem, te marcam as lembranças!

nana disse...

na mouche.

@-,-'-

x

catarina disse...

;)
e nao é que, por uma vez na vida, concordo contigo?

(isto é: se substituíres a palavra "Marrocos" pela palabra "Porto". e se substituíres "ainda bem" por "carago".)

(ah, e se fores nao fumador, prepara-te: vais-te literalmente PASSAR com a passagem do paraíso dos nao fumadores ao inferno em apenas 4 horas!:))

Tiago Franco disse...

Sou não fumador e por acaso já reparei nesse detalhe :)(n só em Portugal)
Uma pessoa habitua-se a n ter o fumo por perto...

clara disse...

:) impossivel nao ter lisboa dentro de nos :) e nao a achar ainda mais encantadora a distancia :) e os amigos a familia tudo parece perfeito :) e talvez seja.

Anónimo disse...

Estou ansiosa pelo dia da chegada,pois as saudades já apertam, mas mais um pouco de paciência e terei aquele abraço e beijo do melhor filhote do mundo.