quinta-feira, agosto 17, 2006

As bagas

"Parque de estacionamento" na costa oeste sueca (sem arrumadores!!)
Os últimos dias não têm deixado tempo para sentir saudades de casa, tal tem sido a actividade "social" por estes lados (ups...por segundos senti-me a Cinha Jardim a escrever no Público sobre as festas de verão no Algarve: "Hoje fui ao T. O Santana estava giríssimo e aqueles caracóis no fim do cabelo ficam-lhe cada vez melhor. O C.Castro estava muito patusco e quase parecia um homem. A comida, ai a comida...estava magnífica! Felizmente convidam-me para estas coisas, senão sempre queria ver como me desenrascava para comer...").
Voltando ao tema e sem mais distracções.
Depois da fantástica visita do meu pai e da Anabela (a foto foi uma das 1236356 que ele tirou...agora que comprou uma máquina "sem rolo" não quer outra coisa :)) e dos momentos bem passados, recebemos umas amigas de Portugal (que até farinheira trouxeram!!!!) e repetimos a dose. Com alguns sustos pelo meio (rochas lisas e chuva nunca mais, certo Sónia??), voltámos a ter algum "calor de casa" e mais uns momentos agradáveis. Espero que tenham partido com vontade de voltar. Foi um gosto ter-vos por cá!
Seguimos a semana com um jantar convívio numa casa típicamente sueca de um colega de trabalho da Sofia, o que aconteceu ontem.
A "desculpa" para o encontro, era a "apanha" de umas bagas azuis, que entre outras coisas servem para fazer uma fantástica tarte. Envolta numa magnífica paisagem, onde o verde das árvores se misturava com o azul do lago, descobrimos a casa (vermelha como manda a regra por estes lados!!) dos nossos anfitriões.
Todo aquele ambiente me fazia lembrar filmes como "A casa no lago", mas começo a perceber que é algo bastante comum e acessível, para os povos do norte.
Mal cheguei, percebi que já estava "fora de pé". Os donos da casa receberam-nos de galochas calçadas e perguntaram-me qual era a altura da minha sola. Ao olhar para os meus ténis "design-que-na-primeira-gota-ficam-logo-encharcados-porque-isto-da-rede-é-muito-giro-mas-não-protege-comprados-naquela-loja-de-malta-esquisita-no-Saldenha" e reparando no monte que íamos "escalar", senti-me como se estivesse de botas alentejanas com sola rasa a perseguir pinguins no pólo sul...o que é que eu pensava?? Que eles íam apanhar as bagas no Jumbo???
Resolvido o problema inicial com o típico "que se lixe", seguímos encosta acima na busca do afamado tesouro. O casal de suecos tinham aproximadamente mais 30 anos do que nós e subiam aqueles montes como se tivesses cascos no lugar dos pés. Eu ainda tentei apertar o passo, mas depois de me espalhar, deixei-me de ideias tristes. Apesar de ser o fim de estação para estas bagas, apanhámos o suficiente para várias tartes (que espero eu consigamos fazer!!!).
Depois de "peneirar" as bagas separando-as das folhas e das outras bagas vermelhas (hiiiii paciência de chinês!!!), fizémos (ou melhor, vimos como se faz...) uma tarte que foi servida depois de jantar. Posso dizer-vos que foi a tarte mais fantástica que alguma vez provei. Sobrou apenas uma fatia...a vergonha não me deixou comê-la e o remorso perseguiu-me durante todo o regresso para casa. Que tarte tão boaaaaaa!!!!
Por via das dúvidas e como não sabíamos se o convívio incluía jantar, fomos preparados com um belo tinto de Reguengos (obrigado Pai :)). Na altura certa, recorrendo ao plano B "sacámos" do tinto e "voilá"...um sucesso! Adoraram e combinámos novo encontro, para provarem outra "pomada" alentejana. A senhora de início achava melhor beber cerveja, afinal o jantar era galinha e para eles, o vinho deve ser acompanhado de carne "mais fina". Depois do terceiro copo, bem mais solta e sorridente, concordou com a escolha do vinho e elogiou-o desmedidamente.
Entre conversas e experiências, partilhámos e aprendemos com pessoas de uma simpatia e simplicidade, que nos fazem corar e sorrir. A vida parece simples e o quotidiano envolto em harmonia.
Kayak, ski e outras actividades, ficaram já na agenda. O próximo encontro é já no domingo (sábado não podem porque vão procurar amoras de kayak!!) para um piquenique junto de umas quedas de água em Trollhättan. Eles vão ter connosco de bicicleta. Julgo que são 50Km para cada lado, o que do alto dos seus 60 anos, parece não os preocupar minimamente.

6 comentários:

Anónimo disse...

Ai amigo, só tu!!!! Bem, eu na volta tb levava os ténis "design-que-na-primeira-gota-ficam-logo-encharcados-porque-isto-da-rede-é-muito-giro-mas-não-protege-comprados-naquela-loja-de-malta-esquisita-no-Saldenha". Já te estou a imaginar a olhar para o teu par de pés e para as galochas dos outros e a pensar: "ai c'um caneco, como é q me safo desta?".
Uma beijoca da Sue!

Tiago Franco disse...

Pior mesmo foi pensar no fim: "epá, as calças até ficaram bem limpas" e reparar hoje (aqui na Saab) que afinal estão cheias de "pintadelas roxas".
Parece que me lavei com vinho...

Anónimo disse...

Rochas escorregadias em tempo invernoso, é um pequeno preço a pagar por cada minuto passado na Suécia. E depois não é qualquer um que pode apresentar no currículo uma queda aparatosa em plena praia do Mar do Norte! Adorei cada recanto desse país fantástico. Muito Obrigado por terem aberto as portas de vossa casa a esta "estranha" e pelo tempo que partilharam connosco.
O próximo encontro fica agendado para a vossa vinda a Portugal, acompanhado de Bacalhau e regado com um bom Alentejano.
Beijinhos

Anónimo disse...

Ao fim de 7 anos a trabalhar aqui... acabei de passar a maior vergonha... pois ao ler a maribulante história das bagas não consigo parar de rir às gargalhadas... como no momento em que a Sónia caiu e tu te enviaste em voo para a agarrar ainda ela não tinha terminado a sua aparatosa queda... mas ainda bem que não passou de um grande susto, com direito a ombro deslocado e umas valentes nódoas negras...
Bjs...

Ana disse...

Essas bagas azuis não serão mirtilios ?

Tiago Franco disse...

boa pergunta...