sexta-feira, julho 03, 2015
O fim de uma etapa
A minha memória não é grande coisa. Lembro-me de factos históricos ou acontecimentos épicos, mas o que fiz ou disse naquela noite de trovoada, vai com a espuma dos dias. Sou o melhor amigo de uma mulher numa discussão. "Lembras-te que disseste não sei quê?". Epá...não. Perco sempre a bicicleta.
Há contudo momentos de que não me esqueco pela sua importância na minha vida. O facto de gostar de escrever também ajuda a arquivar as memórias.
Corria Agosto de 2010, o Diogo tinha 17 meses e eu escrevi isto.
Sentia-me emocionado. Era o primeiro passo fora das "asas" dos pais. Nestas coisas do crescimento, videos e fotografias são muito giros mas, o que conta mesmo é estar lá. E eu estava. Como estive sempre em cada momento, estivessem as portas fechadas ou abertas.
Lembro-me de tudo. Do sítio, da sala, das professoras, das conversas.
Hoje, quase 5 anos depois e muitas histórias passadas, chega o último dia na creche.
O Diogo comeca dentro de pouco mais de um mês o ensino primário na Suécia, o ano zero (que não existe em Portugal). Os putos serão os mesmos e, imagino eu, as brincadeiras também. A escola "desloca-se" 400 metros e inicia-se a próxima etapa.
Nem sei o que me comove mais nisto tudo. O ritmo a que este miudo está a crescer, o ritmo a que estou a envelhecer ou o ápice que é uma vida. Não sei bem porquê mas nestes momentos lembro-me sempre de uma desconhecida que, há uns anos, meteu conversa comigo enquanto passeava com o Diogo na rua. Disse-me: "o seu filho é muito bonito. Esteja sempre perto dele...está numa idade óptima, depois dos 12 já não nos ligam nenhuma". E seguiu o seu caminho entre palavras que partilhava com o vento. Recordo isto vezes sem conta.
É tempo de meter os pés na areia, ver amigos e familiares, comer bacalhau cheio de azeite e ouvir sons conhecidos. Depois, bom, depois logo voltaremos às futeboladas no bairro com os outros miudos, à piscina, às regras da mesa, aos horários e aprendizagem de novas matérias,
Regressaremos ao sítio que eu escolhi para vivermos, esperando que dentro de uns anos ele esteja contente com a decisão tomada. A intencão foi boa, diga-se.
Venha de lá a próxima etapa. Cá estarei para servir de rede. Para amparar ou deixar voar.
É tempo de calor.
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