Comecei esta semana um projecto novo e acho que,
desta vez, será uma contribuicão decente para o planeta. O novo carro eléctrico
da Volvo e, se percebi bem, 2 modelos que servirão para os táxis de Londres do
futuro.
Estive nos últimos dois anos a trabalhar à
distância, vindo ao escritório apenas para testar a minha aplicacão. Foram bons
tempos...
Quando eu estiver debaixo do chaparro, a deixar
passar os dias entre os jogos do Benfica, as organizacões das empresas serão
diferentes e o trabalho remoto, já possivel hoje com toda a tecnologia
disponivel, será uma realidade.
Se assim não for...sejam bem-vindos a horas e horas, e mais horas, de
reuniões sem fim. E porquê?
Porque as reuniões enchem o calendário e dão a sensacão, a quem as frequenta,
que algo de útil aconteceu. Não, nada disso. Por cada hora arranjam-se, com
jeito, 10 minutos com sentido.
É claro que em organizacões com milhares de
pessoas torna-se imperioso, aqui e ali, sentar numa sala e falar. Temos que saber
onde estamos e para onde vamos. Temos que garantir que remamos todos para o
mesmo lado. Tudo certo.
Outra coisa bem diferente é fazer da reunião a actividade laboral
principal. Semana após semana, a repetir as mesmas coisas, a avancar a passo de
caracol, a encher agendas com a sensacão de dinamismo quando, na verdade, pouco
ou nada acontece.
Percebam isto de uma vez. A mal ou a bem, nós somos engenheiros...não nos
pagam para passar 8h enfiados numa sala a falar sobre métodos de trabalho,
teorias de gestão ou procedimentos de como fazer. Pagam-nos para
desenvolver, criar, fazer acontecer. Já é mau um gajo ter esta vida, quanto
mais ter que seguir este caminho num espartilho de regras, papelada,
procedimentos e intermináveis power points de desejos.
Quando deixam o carro no mecânico não querem
filosofia pois não? Querem o carro pronto, a mexer e fora da oficina o quanto
antes. Ora...aqui é igual.
Querem a última app para o iPhone, uma ficha
toda porreira para o carro eléctrico ou a possibilidade de usarem o skype em
todo o lado? Muito bem. Reduzam o número de gestores (especialmente em empresas
de engenharia) e deixem o pessoal "sujar as mãos". A coisa fica feita
na mesma e em metade do tempo.
E uma vez por semana sentamo-nos todos,
respondemos a perguntas e dizemos ao gajo do power point como está a andar o
trabalho no mundo real. Ele faz uma tabela excel e olha para ela
até à semana seguinte. O mundo avanca mais depressa e ficamos todos contentes. Nós, ele e vocês.
O momento "palito" (que é o que mais
me irrita na mesa do almoco) tem o seu paralelo nas reuniões quando alguém diz:
"para isso temos que criar uma nova reunião". Epá...não, não. Não
facas isso camarada. Estas duas horas em que estamos aqui sentados, tu falas e
ninguém quer saber, e todos olhamos para os nossos portáteis, já são em si
um erro. Não facas a ramificacão do erro...pAAAAAlease!
Aqui ao lado vejo um que se chega para trás para ler o Dagens Industri (o Diário Económico cá da terra), os que estão em
frente vão escrevendo umas coisas e eu, meto esta prosa em dia. Estamos todos a
passar o tempo enquanto o zé do excel olha para o projector. De cada vez que ele pergunta: “podes fazer…” ouve um ”ainda não tive tempo
para… ”. Mas claro que não! Como é que podes ter tempo para tarefas de 5
minutos quando passas 8h entre o refeitório, o wc e as reuniões ?
Dizia-me um camarada, há uns anos, uma máxima que teima em permanecer
actual : ”o espantoso é que no fim disto tudo sai um carro a funcionar”.
Adoro vida de escritório! A-D-O-R-O!
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