domingo, setembro 29, 2013

O voto que em tempos foi útil


Corria o ano de 86 quando pela primeira vez fiz perguntas sobre política. Não percebi grande coisa das respostas mas, aos 9 anos, o que importava mesmo era gritar palavras de ordem naquele Citroen Mehari azul da minha vizinha. Era uma caixa de plástico com rodas e janelas roubadas a uma tenda. Dizia o anúncio que "com capota, sem capota, ele é jipe, é camião". Pois bem, que seja. O meu pai meteu-me naquele "carro" e com mais uns quantos, andei a agitar bandeiras e a gritar pela Lurdes Pintasilgo, nas Presidenciais de 86.
De então para cá fui acompanhando o estado da arte. Umas vezes mais participativo, outras mais distante. Mas sempre com algum interesse. Cativam-me as grandes decisões e os momentos da História. Claro que quanto mais me fui interessando, mais percebi que o mundo da política, especialmente em Portugal, não é a a nobre arte que imaginava em miudo. Mas enfim...cada um tem o que merece.
As Autárquicas de hoje são, de longe, as eleicões mais desinteressantes que alguma vez acompanhei. E não é por causa da pioneira lei que acabou com os debates...é mesmo pelo estado da Nacão.
Bem sei que o voto é importante e não devemos ficar em casa e blá, blá, blá, mas, por muito que tentemos elevar o esplendor da cidadania, acho que todos percebem que o nosso país está e vai continuar sob resgate. Quer isto dizer, traduzindo, que nenhum Português pode escolher ou influenciar o rumo do país, governantes incluídos. As eleicões são para as autarquias, não para o governo, mas mesmo assim o espartilho é grande.
Não sei se seria assim se outros partidos chegassem ao poder, mas, com os habituais três do "Centrão", temos um relato de 39 anos que nos pode elucidar.
Basta aliás ver o périplo de António José Seguro para perceber o que verdadeiramente se discute aqui. A que autarquia concorre ele? Esta é a rampa de lancamento para fazer tombar o governo. Muito bem. E depois? Fará o PS, a solo ou em coligacão com o "Portas-vai-com-todos", algo diferente? Terão coragem de renegociar a dívida? Terão coragem de usar o único poder negocial (o de devedores) que ainda temos? Claro que não...
E nas Autarquias? Algo verdadeiramente mudou? Não.
Os dinossauros mudaram de concelho e pronto, voilá.
Tentei acompanhar um debate entre o António Costa e o Seara (no IST) mas desisti ao dim de alguns minutos. O Seara é mais aborrecido a falar do que uma testemunha de Jeová num dia de inverno. O homem não convence um peixe a saltar para dentro de água. Considero António Costa um bom presidente para Lisboa e, já agora, a única alternativa válida para liderar o PS. Seria um desastre se perdesse.
Tirando Lisboa, olho também com algum interesse para a campanha em Vila do Porto, Acores. Por razões mais ou menos óbvias.
Quanto ao resto, enfim, com todo o respeito que me merecem, dado o endividamento do país e das autarquias, não me parece que exista muito para discutir ou sequer esperar. Se há altura na vida em que um programa eleitoral tem um valor "Renova", pois bem, é hoje.
A ausência de debates trouxe para a ribalta os sucessos do youtube. Candidatos com momentos infelizes que os transformaram em estrelas. Mundo esquisito este, onde um desgracado em Gaia passa por uma vergonha na apresentacão da candidatura, mal consegue articular duas frases com sentido, e de repente faz capas de jornais.
Por muito que a queiram ignorar, a realidade é esta, o nosso futuro enquanto país (e as cidades que hoje vão a votos fazem parte do país) decide-se nas eleicões alemãs e no conselho dos ministros das financas da UE. O que sobra desse lado, entre arruadas e bandeiras, é como o IRS do Pinto da Costa, um faz de conta.
Ainda assim, espero que a CDU tenha um bom resultado a nível nacional. Seria importante para combater alguns dos cortes, já encomendados pelo Passos, que vão continuar a afectar cada concelho do país.
Portanto...já sabem. O Costa em Lisboa e de resto, cruzinha na CDU.
E o Sol brilhará para todos nós. Pelo menos é o que diz a cancão.

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