terça-feira, setembro 24, 2013

From Furnas with love...


Dia diferente passado entre 3 avioes com Lisboa a ser, apenas, ponto de passagem. Nunca tinha experimentado. É esquisito, pois é?, diria o meu filho.
Pouco tempo entre cada vôo e correria garantida. Duas ligações feitas pela Lufthansa, uma com a Sata. Dado o aperto do horário apostei no que qualquer mortal apostaria, na pontualidade da Lufthansa e num atraso qualquer da Sata. É por isso que a Terra é redonda. Há coisas que funcionam com base lógica.
Para me provar que o imprevisto é uma constante da vida, a Lufthansa atrasou 40 minutos na primeira manga. Estreia absoluta. E que bem escolhido foi o dia para a premiére.
Frankfurt não é o sitio para desenrascar atrasos. Saí disparado do avião, suponho que atropelei duas velhas, e atravessei o terminal 1 como se o fisco corresse atrás de mim.
Foi mais o menos como dar 3 voltas ao Terreiro do Paço. Mas sem o 28.
Entro no avião e, molhadinho como se quer, colo-me ao assento. Vou para Lisboa.
Olha...não. Há mais um atraso. Algum Fritz que adormeceu e agora vão descarregar a bagagem. Entretanto perdemos a "slot" de saída e pronto, mais 30 minutos.
O que se passa com esta malta hoje? Tiraram todos o dia?
Em Lisboa, com o termómetro a bater nos 29 e um céu azul que só existe ali, novo atropelo de uma velha para chegar a tempo ao Sata.
O dia estava esquisito e assim continuou. O embarque foi feito a horas . Ja não se pode confiar em ninguém...
O capitão liga os motores e faz-se à pista. Eu encosto-me, contemplo o azul do céu e penso: "e não é que vou lá chegar hoje?".
O piloto aborta a descolagem e regressa à box. Dirige-se à matilha com um elucidativo: "we have a bit of a problem".
Fiquei descansado. Uma coisa é um problema, outra é um pedaço de um problema. Certamente que alguém se tinha esquecido dos pacotes de açucar.
Entram técnicos da manutenção. Falam, tentam, testam. Há ctrl+alt+del. O tempo vai passando e o pessoal começa a soprar.
À minha frente, uma micaelense visivelmente agastada diz: "pôô...ê tôme passãnde...inda se fôsse uma IsiJéé...".
Ora aí está a prova de que a juventude usa mais o Facebook do que o Google. Se assim não fosse, saberia ela que a EasyJet tem uma frota incomparavelmente maior (e mais nova) do que a Sata. É quase como comparar o McDonalds com a roulotte das bifanas do Estádio da Luz.
1,5 horas depois o comandante dirigiu-se à plebe para anunciar: "problem is solved, we are ready to go".
Carreguei no botãozito e chamei uma hospedeira. "Vocês nao estao a pensar depois de uma esfrega de quase duas horas, levantar vôo com um simples 'problem solved' pois nao? Sff peça ao comandante para explicar a origem do problema."
Ela sorriu e disse: "Mas você nao vai perceber na mesma".
Insisti. Isto nao é um autocarro e nós vamos sobrevoar o Atlântico. Não há plano B. Quero saber se tiveram um problema com a máquina de café ou se ficou uma cegonha entalada no motor.
Ela foi falar com o rapaz do volante e, de volta ao microfone explicou, "foi no computador de bordo, pá!! Chatoo!!".
Tudo bem, fiquei descansado. Era dia, não havia nuvens e estavam 4 olhos no cockpit. Em 9 ilhas certamente que conseguiam ver pelo menos uma. O Colombo fez isso sem tomtom ou google maps, portanto, deixem-se de mariquices e levem-me lá para Rabo de Peixe.
Cheguei. Num tempo que me dava para aterrar em Pequim, mas cheguei.
Não custou nada. E valeu pelo sorriso.

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