Ligo para a
embaixada do Qatar na Suécia. Não existe.
A mais próxima
é a da Holanda. Ok. Não quero pagar uma chamada para lá.
Escrevo
para a representacão Qatari em solo luso. É um quarto no Ritz em Lisboa. Há
petróleo, há magia.
Faco a
pergunta mais simples do mundo e que provavelmente está em cada post-it, de
cada embaixada de países árabes, nos 4 cantos do mundo: “Posso entrar no vosso
país com um carimbo de Israel no passaporte?”
Recebo
isto:
“Dear
Mr. Tiago Franco,
The Embassy of State
of Qatar in Portugal presents its complements and has the honor to inform
you that you can contact the Embassy of the State of Qatar in Sweden
you will find the
contact information below
QATAR EMBASSY
BORWEG 7NL'2597 3R HAAG NEDERLANDEDRNA
”
Mandou-me
para a casa da partida em busca da resposta que está lá no Ritz, em cada folha
de papel timbrado, em cada guardanapo com riscos de tinto. Sim, em
Lisboa bebem tinto porque Alá não os vê. Mas com honra que por aqueles lados é coisa séria.
Este Qatari
não era assim quando andava lá nas dunas. Aposto que não. Foram vocês aí nas reparticões das financas e
nas filas para o impresso B-403 que deram cabo do homem.
Ele é um dos nossos agora. Já sabe que nada se faz sem o BI,
NIF, certidao de coiso, declaracao da junta, atestado de sei lá, garantia de
tal e confirmacao em papel de 25 linhas que afinal sim senhor. E claro, tudo agrafado e entregue
com o tal papel.
Em caso de
emergência é só usar a frase mágica: “não desligue que eu vou passar ao
departamento onde tratam desses assuntos”.
Ligo para a
Holanda. Diz a senhora: “o embaixador só despacha das 9 as 12h. Volte a
ligar na segunda sff ”.
Como adorava ser embaixador de Portugal em Havana….
Pergunto à
secretária: ”Desculpe, a senhora é natural do Qatar?”
“Sou sim”,
diz ela. Esfreguei as mãos de contente e virei o flanco ao jogo: “Olhe, então
nem vale a pena incomodar o senhor embaixador, de certeza que sabe isto, é
cultura geral para qualquer Qatari…posso entrar no seu pais com um carimbo de
Israel no passaporte?”
“Vou passar ao embaixador”, ouco.
O camarada mete o “Sexo e a cidade 2” na pausa e atende o
telefone. Afinal ainda
despacha hoje.
Repito a
cancão e ele diz logo: ”No problem my friend, no problem, welcome to Qatar!”.
Ora aí
está. Três países e várias pessoas depois, alguém que sabia a pergunta para queijo.
Adoro
relacões bi-laterais entre países que se odeiam. Alá é grande.
2 comentários:
As tuas viagens são para sitios muito turisticos :)
Há que ver algo novo :)
tf
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