Dizia uma amiga minha, a meio de uma conversa sobre o Tibete e o custo para lá chegar, "não sejas merceeiro com os contos, Euro, nós usamos o Euro!". De facto continuo a "falar em contos", quando não uso a coroa Sueca como referência monetária. É uma questão de hábito e honestamente não sei porque o faco. Vivi em Portugal 7 anos com a nova moeda mas fiz, em cada dia e em cada compra, a conversao para "contos". 5 Euro continua a ser pouco, já "1000 paus" são uma fortuna.
A questão agora é saber se faz sentido esquecer o Escudo? Sim, eu sou preguicoso e durante 14 anos preferi continuar na moeda antiga, mas, comeco a desconfiar que vocês também lá chegarão.
Há já algum tempo que deixei de acreditar nesta União Económica que se limita a defender os interesses financeiros dos mais poderosos. Alemanha e países do norte, entenda-se. O Sul está a ser apertado com juros para manter as economias do norte a funcionar. Tudo sob a capa do Eurogrupo, do Banco Central e de mais uma série de instituicões que dão um ar oficial à coisa.
A realidade é esta: a Europa vive uma enorme crise financeira há quase 5 anos, a União que devia regular, controlar e manter o equilíbrio limita-se a seguir as vozes de comando que chegam de Berlim, de Amsterdão, de Helsínquia.
Em todos os países "resgatados", a prioridade foi sacar o mais depressa possível dinheiro para os credores (bancos ou instituicões) dos países do norte. Isso permite, por exemplo, que nesta miséria que alastra de Lisboa a Atenas, suecos e alemães, entre outros, consigam apresentar crescimento económico. Que ninguém duvide que a nossa desgraca é, neste momento, a alegria de outros povos.
Sim...já sei que foi a nossa corrupta e incompetente classe política que nos deixou neste buraco, mas isso leva-nos à segunda parte da conversa: porque razão temos nós que pagar nestas condicões?
Porque temos liderancas políticas fraquíssimas cuja única preocupacão, até aqui, tem sido salvar, dentro do possível, a clientela partidária.
Todos os países "resgatados" já negociaram novos prazos de pagamento ou perdões. Aliás, já todos perceberam que as dívidas são impossíveis de pagar, pelo menos nas condicões actuais.
Conferência após conferência, o que diz Vitor Gaspar? Que não esperavam estes números. Que se enganaram. Que falharam. E o que fazem depois do falhanco? Repetem a receita.
20% da populacao activa está desempregada. Querem continuar a fingir que foi apenas um ligeiro desvio na tabela de excel?
E agora...o Chipre. Para quem tinha alguma fé na UE, peco-vos o favor de perderem 5 minutos com as notícias do Chipre. É absolutamente inacreditável o que por ali se passou.
O governo pediu um resgate e o Eurogrupo exigiu de imediato um imposto sobre os depósitos de cada Cipriota. Quando a medida foi anunciada, as contas já estavam bloqueadas e de nada serviu a corrida ao multibanco. Se isto não é roubo por decreto, não sei o que será.
Quem é que pode continuar a confiar nos bancos? Nos políticos que conduzem a Europa para o caos, perguntar seria uma exercicio de retórica.
Vendo isto e sabendo o que se passa em Portugal, alguém ainda acredita que esta UE está interessada com a miséria que vai criando no Sul? Alguém consegue ser assim tão ingénuo?
Pior que tudo isto, e para os amantes de História, vejam lá no Google o que se passava na Europa antes da II GG...mais bigode, menos bigode, o caldo era exactamente o mesmo de 2013.
O Euro já era. Espero que a História se engane e que a III GG não esteja ao virar da esquina.
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