Estou num quinto andar.
Quente e aconchegado.
Olho para um computador e analiso 0s e 1s. Já viro os olhos e ainda são apenas 2 da tarde..."que esfrega!!!", digo indignado a mim mesmo.
Mudo a musica e procuro algo que me embale o cérebro.
A semana ainda agora comecou e levo logo uma tareia destas para abrir as hostilidades. "Porque é que não fui para deputado??", penso eu enquanto imagino duas palmeiras e uma rede a uni-las.
Era assim que eu imaginava uma ilha quando era miúdo. Duas palmeiras, uma rede e 10 metros de areia. Depois fui viver para uma e percebi que as estradas também eram feitas com alcatrão (menos a que ligava o aeroporto à vila, mas esses são outros 500 paus...)
Aqui e hoje.
Levanto um pouco a cabeca e contemplo a rua. Duas janelas enormes trazem a luz e as linhas antigas do prédio da frente.
Está vento. Tudo abana lá fora.
À minha frente está um gajo.
Mas do outro lado da janela.
Monta andaimes e dista uns bons 20 metros do chão. Toda a estrutura abana. Está mesmo vento.
Anda de um lado para o outro transportando pedacos de madeira.
Está preso a alguma coisa? Sim, à gravidade e ao equilíbrio.
Tudo o que separa aquele gajo de ficar em formato de tortilha é uma tábua que por baixo dele abana como um gigantone no carnaval de Torres Vedras.
Ele não se parece importar muito com o facto. Passeia como quem vê montras no Colombo e volta e meia pára, coca a cabeca e pensa: "Onde terei deixado o martelo?"
Volto a olhar para o computador.
Aproximo-me de um '0'. Chamo para a roda um '1'.
Baixinho para que o Wally não perceba digo: adoro-vos!
3 comentários:
Como eu te entendo... (a parte dos 0 e 1's...
Afinal a segurança no trabalho também não é o forte dos nórdicos :P
Um gajo habitua-se ao trabalho,seja ele qual for. Tu tb te acabarias de adaptar se tivesses que trabalhar na assembleia da república, apesar do cheiro :)
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