O país pára enquanto o camarada Sócrates faz o seu jogging na Praca Vermelha.
Tem estilo o Zé. Numa vertente um pouco Chavez é certo, mas ainda assim quebra o típico cinzentismo luso. Gosto.
Esperemos que não faca uma visita oficial a Bagdad, senão terá de correr os 100m barreiras.
A CGTP organizou uma greve geral com fundamentacão justa e que de certa forma reflecte o estado de alma da classe trabalhadora. Diz Bagão Félix (último Ministro do Trabalho a lidar com uma GG) que repensou algumas das medidas em aprovacão aquando da greve geral de 2002.
Não disse é se mudou de opinião, mas pelo menos repensou-a...
É lógico que a situacão do país pede protesto e luta. Há muita falta de emprego e principalmente, muito emprego precário. A economia cresce quase na horizontal, os salários congelam, o custo de vida não pára de aumentar. Lisboa tem um dos parques habitacionais mais caros do mundo, ir da nossa capital para Madrid no comboio da CP é mais caro do que ir de comboio entre Gotemburgo e Berlim, Oslo, Estocolmo ou Copenhaga.
Comprar um carro em Portugal é mais caro do que em qualquer país desenvolvido da Europa.
Apesar de termos uma quantidade enorme de alcatrão e autoestradas, as nossas cidades (com Porto e Lisboa à cabeca) são calamidades de trânsito. Não existem políticas de transportes públicos. A mentalidade ainda é a de levar o carro até ao elevador e estacionar em 3a fila.
As empresas privadas estão a trocar o nosso pais pelo Leste Europeu. Passado que está o nosso tempo de país "low cost", não conseguimos aproveitar 20 anos de fundos europeus para evoluir e criar riqueza. Continuamos a ter pouca gente formada (nas áreas que interessam) e ficámos a meio caminho de coisa alguma. Por um lado não temos excelência em nada para oferecer (salvo algumas excepcões, referidas num bom artigo do Nicolau Santos no Expresso) e por outro lado já não podemos competir com salários dos Romenos ou dos Chineses.
Nos últimos anos os bancos apresentaram lucros de 2000 contos ao minuto. O endividamento das famílias enriquece meia dúzia de instituicões que nem em forma de impostos reparte essa riqueza. O crédito suporta a Nacão (lembrei-me agora da CML).
A verdade é que, por muito justa que seja a Greve Geral, é difícil ver resultados práticos tão só porque não há saída para 30 anos de asneiras. No entanto há que protestar. Há que fazer ouvir a voz.
Talvez com algumas décadas de políticas certas e muita formacão (principalmente de mentalidades) se consiga recuperar este atraso crónico.
Os protestos de agora são uma forma de solidariedade para com as geracões futuras. Não há nada que possa ser feito em tempo útil para melhorar a vida de quem agora protesta. Esta é a minha conviccão.
Depois de vaga de emigracão que fugia da guerra colonial, temos agora uma nova vaga que procura melhores condicões de vida. Isto num país membro da UE há quase 20 anos.
Espanha está mesmo aí ao lado e parece outro mundo. Alguns milhares de insatisfeitos têm passado a fronteira e percebe-se porquê.
Lutar pelas geracões futuras é um dever, mas ter uma vida decente HOJE é um direito.
7 comentários:
Já tive, ao longo da minha vida, várias oportunidades para ir viver para fora... nunca o fiz... apenas temporadas relativamente curtas. a maior foi de 1 ano em Barcelona... Nunca o fiz por um lado porque estava relativamente bem em termos profissionais e por outro por convicção que deveria ficar e tentar lutar por melhores situações... sempre me impressionou a saída de excelentes profissionais de diversas áreas... achava, na minha ilusória utopia de um mundo melhor que se fossemos todos embora isto não mudaria nunca...
Hoje, se houver oportunidade não hesito... pego nos meus filhos, no meu mais que tudo e vou!
Aí por esse mundo fora se precisarem de uma produtora de espectáculos... estou disponivel!
O país já teve 20 anos de experiências. Já chega para perceber o que nos espera nos próximos 50 anos, portanto...
Pois é... Terminei o curso em erasmus, estou a fazer o doutoramento fora e quanto mais leio menos me apetece voltar para Portugal. Principalmente porque não quero seguir o ramo academico e em Portugal, na industria que (ainda) existe terei qualificaçoes a mais. É triste mas é a verdade.
Já agora: acabei de voltar de Gotemburgo. Que cidade fantastica! Só conhecia Estocolmo.
Anónimo:
da próxima vez que por cá passares avisa :)
(em que cidade estás?)
É verdade que não aproveitámos quando pudemos, que fomos ficando cada vez mais medíocres enquanto nuestros hermanos se vão safando à grande. Vejo isso todos os dias, quando reparo que as nossas maiores empresas de construção seriam empresas de bairro em Espanha.
Mas também cabe a todos nós fazer a nossa parte. De nada vale protestar um dia se nos outros 364 vamos para o nosso posto de trabalho jogar Copas. É preciso reinvindicar sim. Mas também é preciso mudar a mentalidade e começarmos de facto a aproveitar as horas de trabalho para produzir. É que este país é feito de portugueses...
Concordo inês.
olá Tiago!
pois que até pensei mesmo em avisar mas como não costumo comentar blogs e não vi nenhum email, deixei passar:) mas para a próxima está prometido! até porque tenho muito bons amigos aí.
agora vivo na escócia. aconselho vivamente uma visita:)
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