Quando era pequeno tentei explicar ao meu pai, por todas as formas e feitios, que não tirava as mãos dos bolsos não por preguiça ou comodidade. Fazia-o apenas para evitar males maiores. A minha falta de jeito manual é algo que nunca conseguirei entender. Atinge o limite do impossível. Já consegui fazer um boca-doce intragável (algo que é só juntar leite e pó!!!), já consegui fazer pudim mandarim e não meter açucar, é normal ficar com o "anel" na mão sempre que abro uma lata (e a lata fica fechada), enfim, podia agora gastar mais 1000 linhas a enumerar outros tantos exemplos, mas não é esse o tema de hoje. Não resisto porém a dizer que no sábado montei um candeeiro e consegui partir a cabeça de um parafuso. Ora, quantas vezes na vida é que ficamos com a cabeça de um parafuso na mão??? Bom, depois de partir tudo o que consegui, lá montei o candeeiro. Eu até tenho boa vontade, jeito é que nenhum e deve ser por isso que recorria aos "préstimos" do meu pai para me safar dos trabalhos manuais na escola. Terei certamente outras qualidades (todos temos), mas meus amigos, com as mãos sou uma desgraça.
Esta introdução (longaaaa) vem a propósito do Rui. Conheci-o algures no início de 2005. A ocasião era a "ajuda" para pintar a casa de Setúbal. O Rui é o pai da Sofia e como é óbvio nestas situações eu queria causar boa impressão, ou pelo menos, não causar muito má...Enquanto eu e a Sofia fomos trabalhar, o Rui foi adiantando "serviço" e começou por forrar o chão da casa toda para evitar os pingos no chão e afins. Eu, como saía mais cedo do que a Sofia (vantagens de trabalhar na Autoeuropa :)) fui andando para casa para "ajudar". Mal cheguei e sempre tentando causar boa impressão, fui forrar os rodapés. Escusado será dizer que ficou tudo mal..."estava nervoso, as mãos tremiam", pensei. Depois, já de trincha e rolo na mão, fui salpicando as paredes todas e deixando tinta a escorrer por todo o lado. Num quadro impressionista teria sido um sucesso, mas naquelas paredes não era o pretendido...O Rui, sempre paciente e simpático lá ia "tapando os buracos" e sempre com um sorriso sincero, não me deixava sentir tão mal. No entanto e apesar do Rui provavelmente pensar "como é que é possível??", eu ainda tinha reservado a minha "master piece" para o fim. Entre um sobe e desce de escadote, tropecei na ÚNICA lata que estava em todo o chão da casa. Uma, apenas uma lata estava naquele chão e eu consegui dar-lhe um pontapé, vertendo os 20L de tinta que lá estavam...O Rui tinha forrado o chão para o proteger de pingos e eu acabara de entornar LITROS de tinta. "Já está!!!", pensei...."Isto sim, é deixar uma marca..", acrescentei. Qualquer pessoa ficaria com os nervos à flor da pele, com tanta asneira. Mas o Rui não...ajudou a limpar, sempre com paciência e sem nunca perder a boa disposição. Passado este episódio, digo com agrado que tenho conhecido o Rui ao longo destes quase 2 anos e que tem sido para mim um infindável prazer. Simpático e paciente, parece nunca perder o sorriso, além de cozinhar como poucos.
O Rui hoje faz 58 anos e esta é a minha forma de o homenagear. Achei que a Elis Regina e o Tom Jobim me podiam ajudar a compor o momento, afinal, festa é festa :)
Muitos parabéns.
1 abraço
Tiago
2 comentários:
É verdade! O meu pai é sempre muito sorridente e afável. O tipo de pessoa de quem toda a gente gosta! É sempre um prazer para mim apresentá-lo às pessoas q me são próximas, mm aquelas um pouco mais desajeitadas... ;).
E sim, o meu pai nunca perde a simpatia, mm qdo alguém entorna uma lata de tinta em cima de chão de madeira!!! :), mas resta dizer, q assim q se proporcionou, discretamente, o meu pai pediu-me: "pede-lhe para fazer outra coisa qq, mas n o deixes pintar..." :))))))))))))))))
Muitos Parabéns Paizinho!!!
Para mim, és o melhor pai do mundo!!
Sofia
Obrigado.
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