Há cerca de
dois anos, mais dia menos dia porque rigor nas datas é na porta ao lado ,
pensei que a crise no Sul fosse, mais cedo ou mais tarde, varrer o Norte da
Europa que não tem petróleo (Noruega é um país em Marte para estes assuntos ).
Normalmente o impacto sente-se também na minha área com reducão do número de
projectos, menor investimento, alguns despedimentos, etc. Pessoalmente, tentei preparar-me
o melhor possível para isso. Como não sou rico e não tenho cunhas, fiz a única
coisa possível: diversificar o CV e garantir que, fosse qual fosse a porta a
fechar, teria sempre outra a abrir.
A Suécia
exporta mais de 50% para a Europa e, também por isso, imaginei que a reducão
das importacões desse lado (Sul) mais as vagas de emigrantes, abanassem a coisa
por aqui. Mas não.
Dois anos
depois, não só a economia continua a crescer como, no meu pequeno quintal, as
ofertas de trabalho sucedem-se, semana após semana. Resolvi investigar um pouco
para perceber como é que isto é possível, num momento em que países como Holanda
e Bélgica comecam a fraquejar.
É um facto
que as trocas comerciais com a Europa diminuíram mas, a sempre amiga Alemanha,
equilibra a balanca na zona euro. Há um investimento enorme dos países
asiáticos, seja com a compra de empresas chave (Volvo) ou com encomendas de
milhões (Ericsson).
A
exportacão para os EUA continua de vento em popa porque Obama, com bom “keynesiano”
que é, aumenta a dívida externa para níveis impensáveis mas consegue “criar”
crescimento económico.
Sendo um
país produtor, a Suécia consegue lucrar num momento em que a ordem mundial se
altera. E fá-lo sem atacar os pilares do pais:
a seguranca social (limitada mas garantida), a saúde e a educacão.
Até a
banca, sólida e com regras bem definidas (spread 0,5% é coisa nunca vista por
este lado), ajuda neste ramalhete de crescimento.
Por
incrível que pareca, e percebo isso hoje em dia, os garrotes impostos ao Sul
estão a beneficiar directamente os países do Norte, muitos deles credores. As
taxas de juro que vos são roubadas, sim, roubadas, servem para manter bancos e
instituicões do Norte com lucros monstruosos.
Ora,
sabendo que por estes lados há, historicamente, uma boa gestão de dinheiro público
(basta ver o que aconteceu depois da II GG) e percebendo que neste momento,
seja pelo vosso garrote, pelos chineses ou pelos árabes , entra um pouco por
todo o lado, compreende-se melhor o porquê deste oásis no deserto da crise.
E repito o
que já escrevi, para mal dos meus pecados, 500 vezes. Isto num país com uma
populacão menor do que a nossa, onde, há décadas, a aposta na Educacão é
central e decisiva. É esse o “segredo” para tantas multinacionais e riqueza
produzida. Simples.
Estava
nestes considerandos quando um colega me diz que os “Verdes” cá do sítio vão
sugerir (ao Parlamento) a reducão do horário de trabalho (para os privados)
para 35 horas semanais. O “PS” local apoia a medida. Isto quando a Sul se
roubam pensões, cortam salários e aumentam as horas de trabalho.
Nunca
3000 km pareceram tanto.
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