terça-feira, julho 03, 2012

Está na hora!


Comeca a chegar o momento do regresso.
Sinto claramente o nervoso miudinho de voltar a casa. Sim, casa continua a ser desse lado. Não me consigo habituar à palavra "emigrante".
Em conversa com outros da mesma "espécie", portugueses ou de outras paragens, ouco várias vezes uma constatacão comum: "não pertenco a lado nenhum".
O desconforto no sítio que se deixou para trás há muito e a inevitável realidade de se ser diferente no poiso de destino. Ficamos algures na velha máxima de Sócrates, "nem grego, nem ateniense mas sim um cidadão do mundo".
Pois eu não me sinto assim. Portugal ficou a 3000 km de distância há 6,5 anos mas sei bem de onde venho e a que sítio pertenco. Não tenho a menor dúvida disso.
E as razões são simples de perceber. Nada mudou. Aquilo que eu não gostava na realidade portuguesa em 2006, continuo a não gostar hoje. Vendo bem as coisas, o que mudou? O Isaltino escapou da prisão (a sério???), o PSD passou a distribuir os tachos (os boys são essencialmente os mesmos) e alguém percebeu que viver a crédito não podia durar a vida toda. Os salários continuam miseráveis, banqueiros, autarcas e barões do centrão continuam a enriquecer à custa do erário público e conduzir ainda está ao nível de uma travessia de bicicleta em Saigão.
O que era bom, continua óptimo. O Alentejo ainda está caiado, as colinas de Lisboa continuam a sorrir para o Tejo, O Porto ainda é mais bonito visto de Gaia, a acorda ensopa o azeite e o Atlântico continua a curar todos os males dos ossos.
Não tenho a capacidade de ser e sentir outra coisa que não Portugal. E nem quero. Para o bem e para o mal, somos o que somos.
Cidadão do mundo? Sim, tanto quanto possível. Ver, ouvir e sentir. Conhecer, explorar, aprender. Ir e voltar. Mas "casa"? É aí, onde se engorda 1 kg em cada almoco.
Eu sou daqueles que acha que fomos abencoados com uma série de coisas que nem valorizamos. Por exemplo...o céu azul, as praias nos subúrbios de Lisboa. Costa da Caparica, Fonte da Telha, etc...quantas capitais europeias se podem orgulhar do mesmo? Eu não me lembro de uma que seja. Ahhh...as praias maravilhosas de Madrid, Paris, Londres e Berlim...
Também já ouvi que "são praias horríveis para onde vão os pobres". Como?? Dito pelos mesmos que enchem charters da Abreu para destinos com praias que nem sombra fazem a estas. Somos saloios, mas também não é de hoje...
E a paparoca? Farão vocês ideia do que é comer algo sem sabor ou variedade na maior parte do ano? Lambuzem bem esse cabrito e não deixem cair o Cartuxa. Somos uns reis à mesa.
Mas mexam o rabo...estamos a ficar gordos. Os putos estão gordos, os velhos estão gordos. Já parecemos os discípulos de Obama lá na hamburgerland. 
E o Benfica? Já pensaram que o Glorioso também está em Portugal? É ou não espectacular??  Até a lagartada treme quando passa ali em frente ao Colombo. O sublime é universal.
Agora juntem isso aos Jerónimos, à francesinha, ao pastel de nata e à costa vicentina e digam-me lá se uma pessoa pode ter dúvidas? Claro que não!
Aconchegai-vos. Preciso de espaco nessa areia para duas toalhas.

2 comentários:

Sandrinha disse...

Estás quase de volta!!
Que bom Tiago!

Já eu vou dois anos para o Brasil...mas volto, que cá também é o meu lugar!

Um beijinho
Sandrinha (a Inha)

Sandra Dias disse...

Ainda bem que há muitas coisas boas que os "doutores" não nos conseguem roubar ou hipotecar para nossa "amiga" troika .
Bom regresso Tiago :)