terça-feira, outubro 18, 2011

Indignados

Quem imaginou que Passos Coelho, o Obama de Massamá, vinha trazer uma lufada de ar fresco para a vida política portuguesa deve andar a roer o próprio fígado por esta altura.
E sim, muitos pensaram que Passos Coelho, um boy profissional, seria a pessoa certa para conduzir a nau portuguesa nesta tempestade. Para alegrar o quadro, os informados eleitores portugueses juntaram Paulo Portas & amigos ao elenco directivo. Não se queixem agora.
PPC mentiu com os dentes todos durante a campanha e vocês acreditaram.
Falou em cortar as gorduras do Estado e até agora só aumentou impostos, cortou nas pensões e nos salários. As fundacões e os institutos que ninguém sabe para que servem, foram encerrados? A frota do governo desapareceu? Os submarinos foram vendidos? As ajudas de custo para elementos do governo com casa própria em Lisboa ainda existem? A banca (destinatária de todo o dinheiro que vos estão a sacar) já paga mais impostos? O Alberto João e os comparsas do PSD Madeira já estão na prisão? As autarquias que empregam famílias inteiras já foram investigadas? Os contratos publico-privados já foram revistos? Já sabem qual será o buraco do BPN depois de oferecerem a parte lucrativa aos angolanos?
Vitor Gaspar veio dizer que a TSU, o tal elemento central da campanha do PSD, é uma teoria em fase experimental nas universidades. Brilhante! Especialmente porque descobriram isso depois de serem eleitos. Gente preparada...
A troika sugere 5% de cortes na saúde e o governo avanca com 11%. Lembram-se que o PSD chumbou o PEC III (ou IV já não me lembro) porque achava que não se poderiam exigir mais sacrificios aos Portugueses. Meus amigos...já vamos no PEC LXVIIII e a coisa não ficará por aqui.
Sócrates disse que o PSD estava impaciente pelo poder e que essa era a única razão para o chumbo do PEC. Por muito que vos custe o homem estava certo.
O governo português está a rebentar com a classe média e a deixar o país na mesma situacão da Grécia. Nós não temos aparelho produtivo (boa Cavaco!), as exportacões são miseráveis e o tecido empresarial são essencialmente PMEs. Os cortes nos salários conduzem a uma diminuacão no consumo, menos impostos para o Estado, mais falências e recessão. Não é preciso ser economista para perceber que esta receita não funciona num país como o nosso. Vejam a Grécia, por amor da santa, vejam a Grécia e não sejam burros.
Porque razão é que a Irlanda se está a safar? Porque não destruiu o seu aparelho produtivo e passada a tempestade conseguiu voltar ao "business as usual". São apenas 3 milhões de pessoas numa ilha, o nível de formacão é mais elevado do que o nosso e a quantidade de empresas emergentes muito maior. Há 5 anos atrás os irlandeses tinham mais empregos do que habitantes. Mais ou menos o que aconteceu na Suécia (embora a dívida externa seja incomparavelmente menor) na crise de 2008 e 2009.
Depois do choque e dos despedimentos, o IKEA, a Volvo, a Ericsson, a Scania, a ABB, a Saab e todas as restantes multinacionais voltaram ao ritmo normal de exportacões, contrataram pessoas e seguiram a todo o vapor.
Ora...em Portugal (e na Grécia) isto não é possivel porque NÃO SE PRODUZ NADA.
É por isso que esmifrar com impostos quem vive do seu salário para tentar (pela 2a vez) financiar a banca é uma ASNEIRA.
Portugal ficará entregue a uma populacão envelhecida e sem formacão. A geracão "à rasca" está a pegar nos diplomas (pagos pelos Estado Português) e a emigrar. Expliquem-me, porque eu não percebo, que futuro terá um país que nada produz sem uma grande fatia dos seus universitários?
A não ser que o objectivo de Passos Coelho seja transformar Portugal numa espécie de Varadero da Europa. Se for assim tudo bem.
Para carregar malas e servir mojitos, estamos todos preparados.
Já agora...repararam na solucão encontrada pelos islandeses? A banca resolveu jogar na roleta com dinheiro público? Muito bem...a banca paga as suas dívidas. Os governantes permitiram que tudo acontecesse? Muito bem...vão a julgamento. Podem ser apenas 300 000 perdidos no Ártico mas não serão certamente estúpidos.
Ainda a propósito dos cortes...alguém acredita que os subsídios de férias e natal regressarão depois de 2013?
Será este o tempo de ir para a rua?
Claro que sim!
 

3 comentários:

Helena Barreta disse...

As suas análises são sempre tão certeiras.

Um abraço

Sandrinha disse...

O que eu gostei de ler isto!
Explicas de uma maneira clara e precisa o que eu quero pôr em palavras e não consigo!
Obrigada Tiago,
beijinhos

BoyGenius disse...

Rua??? ... é capaz de chover e é desagradável...

Muito bem Tiago!!