quarta-feira, setembro 14, 2011

A crise que nao pedimos

Três coisas que me enervam nesta fotografia: a Merkel, o marido da Carla Bruni e a bandeira da UE. Fora isso o enquadramento está óptimo.
O comportamento de Angela Merkel na crise europeia já ultrapassou o limite do razoável. Percebo que quem paga manda mas por esta altura do campeonato, Berlim é o centro de decisao e os outros limitam-se a "amagar". Sarkozy nao entra nestas contas e segue apenas uma velha tradicao francesa que é a de simular grandeza e poder. Sao uns desgracados com um país endividado até ao osso, políticos corruptos comprados com dinheiro africano mas por alguma razao, acham-se no direito de arrotar postas. Quem nao se lembra de Sarkozy a ameacar Khadafi (com a NATO a aquecer-lhe as costas) depois de receber uns quantos milhoes deste? Enfim...uns tristes.
Agora...com a Alemanha a história é bem diferente. É Merkel quem neste momento decide cada passo do euro. Posso estar enganado mas nao era essa a teoria que suportava a criacao de uma uniao económica de países europeus.
Ontem li uma notícia que me deixou mais do que preocupado. Merkel defende que a saída da Grécia (da zona Euro) nao deve ser feita "à maluca". Ou seja...a saída está assumida e isso é o principio do fim.
Depois da Grécia será Portugal. Letónia, Lituânia e Irlanda estao falidas. Itália, Espanha e Franca têm dívidas externas elevadíssimas. A criacao de eurobonds poderia proteger os paises mais pobres (a Grécia já está a negociar a mais de 100%) mas os mais ricos (Holanda, Suécia, Finlândia, Alemanha) nao estao interessados nisso pois pagariam juros mais altos. Ou seja, nao há solidariedade entre estados. O que sobra do projecto europeu? Nada.
Dirao, mas que culpa têm os holandeses, suecos e finlandeses nos relatórios falsos gregos ou nas 50 auto-estradas portuguesas? Nenhuma.
E que culpa tem cada um dos portugueses da classe média que os mercados (bancos franceses e alemaes) tenham emprestado dinheiro a Portugal e à Grécia, para que estes, respectivamente, pudessem comprar submarinos alemaes e avioes de guerra franceses?
Alguém duvida que os bancos sabiam que estes países nao tinham condicoes para pagar as suas dívidas? Mas isso interessou para algo? Claro que nao. Desde que metessem uns milhoes nas exportacoes dos países credores, tudo bem. Entao e agora? Agora esses mesmos credores aumentam a taxa de juro até que a saída da zona euro seja inevitável.
Os EUA vivem uma situacao semelhante (Lembram-se? Foi lá que tudo comecou...) mas como sao uma federacao de estados (ou seja, aplicam as medidas de igual forma em todo o lado) conseguem resolver os seus problemas.
Nós, os Europeus, nao teremos grandes hipóteses. Ou imploramos por dinheiro chinês (no caso português, angolano) ou assistimos de camarote ao fim da Uniao Europeia. A federacao poderia ser uma saída mas duvido que a Europa ultrapasse os seus nacionalismos e séculos de história. O que também é compreensível.
A Grécia será apenas o início do fim. Nas cenas dos próximos capítulos lá voltaremos ao "contra os canhoes, marchar, marchar".

Sem comentários: