domingo, maio 15, 2011

Vá Paulo, mais um esforco...estás quase lá camarada!

Resolvi ver o debate entre Portas e Passos Coelho. Está aqui.
A análise da tertúlia entre amigos é simples: o rei da fotocópia goleou.
Tiro o chapéu a Paulo Portas. Como político, entenda-se, alguém que mente sem rir, é absolutamente genial.
Vai para os principais debates (contra os líderes dos maiores partidos) sem programa, ou seja, pode adicionar ar ao discurso que normalmente já só tem ar. E isto é brilhante.
Ninguém pode acusá-lo de ter uma má ideia ou uma medida sem sentido porque simplesmente ele não as apresenta. Desta forma, discute e critica sempre as ideias dos adversários sem nunca apresentar uma alternativa. Tendo em conta a facilidade de discurso, vende a sua banha da cobra como ninguém.
Pobre Passos Coelho. Tive pena do rapaz. Foi presa fácil para um ambicioso Portas. E ainda levou uns caldinhos, em jeito de aviso amigo. "Com todo o respeito, está a cometer o mesmo erro que José Sócrates".
Este gajo é o maior! A falta de escrúpulos (e porque não dizer LATA?) permite-lhe dizer as maiores atrocidades, atacar o PS, tentar marcar a diferenca para o PSD e ainda assim meter-se a jeito para governar com qualquer um deles.
Particular atencão para esta parte do discurso. Não tem programa mas apresentou uma carta com 5 pontos ao "triunvirato" manifestando algumas reservas sobre medidas A, B ou C. Segundo ele, isto dá-lhe "alguma margem de manobra" porque não se compromete com coisas que não sabe se consegue cumprir.
Genial! O primeiro político a descobrir que é mais fácil programar algo depois de o ter executado.
Se quiserem reduzir Portas a uma frase vejam o minuto 36. Sobre a reducão de efectivos na funcão pública. O que diz o menino? Rescisões por mútuo acordo e indeminizacões atractivas. Ou seja: uma utopia. A jornalista percebendo a idiotice pergunta-lhe: "nesta conjuntura?" ao que ele, claro, não conseguiu responder.
Ou seja, propõe uma utopia e não explica como é que a paga. A mensagem passa e ninguém se interroga "como?". Isto é Paulo Portas em todo o seu esplendor.
Não é preciso muito para o meter no sítio mas Passos Coelho foi um "anjinho". Perdeu o debate e permitiu que Portas usasse toda a palete de ilusionismo.
Qual é o grave da situacão? É que este gajo, um aldrabão profissional que se move por ambicão pessoal, que anexa um partido em nome dos seus interesses e que não tem qualquer nocão do que é servico público, vai fazer parte do próximo governo.
É gente desta, a mesma que nos enterrou até ao osso, que se prepara para encher os bolsos mais um pouco com os 78 mil milhões que estão a chegar.
Em tempos achei que a única hipótese para Portugal seria o regresso dos seus emigrantes que um pouco por todo o mundo civilizado trabalham em posicões de destaque. A mistura desta malta com a geracão que em Portugal atravessa dificuldades, poderia resultar numa mistura de necessidade e conhecimento, quicá, suficiente para renovar a classe política actual e não repetir erros do passado.
Passando pelas redes sociais de emprego (linkedIn e outras do género) é fácil constatar que temos muita gente formada por esse mundo fora.
Gente que vive outras experiências e que percebe como é possível viver numa sociedade justa, sem corrupcão e onde o dinheiro dos impostos é usado ao servico da populacão e não para alimentar boys. Portugueses que vivem no Canadá, no Reino Unido, na Holanda, Alemanha, países Nórdicos, Austrália, Nova Zelândia e que percebem que um país de primeiro mundo não tem Lellos, Varas, Ricardos Rodrigues, Jardins, Cavacos, Loureiros, Portas e gente dessa em cargos de governacão. Não é possível!
É preciso mudar mentalidades e reciclar esta geracão de políticos. Uma forma de o fazer é através da partilha de experiências, tentando imitar o que noutras partes do mundo já funciona há décadas. Não é preciso inventar a roda. É imperativo mudar os actores.
Como pode Paulo Portas estar a caminho de um novo cargo no governo? Isto não é a prova que algo está errado?
Hoje em dia já não tenho qualquer ilusão. Nem a geracão pós-25 de Abril tem grandes possibilidades de mudar a actual teia política (quanto muito conseguem ascender a boys), nem os portugueses espalhados pelo mundo parecem interessados em meter o pé na lama. Aliás, pelo que vou lendo, a vaga de emigracão está a aumentar outra vez.
Resta a revolucão. E não, não é a do Jel ou do Falâncio...

3 comentários:

Motonauta disse...

"Como pode Paulo Portas estar a caminho de um novo cargo no governo? Isto não é a prova que algo está errado?"

É mau, muito mau! Mas o que é que se pode fazer?... Essa sanguessuga não deslarga nem por nada.

Anónimo disse...

Eu ainda tenho a esperanca de ouvir alguém explicar, com dois argumentos válidos, o voto no Portas...

tf

Motonauta disse...

Um argumento utilizado por alguns familiares meus, já reformados, prende-se com a segurança, ou neste caso, mais a insegurança que dizem que vão sentindo. Ora o Sr. Portas é todo discursos em relação a dar mais poder às forças de segurança nacionais, logo a justificação no voto neste Sr.
O que eles, os meus familiares, realmente não captam é que isto é só dicurso da boca para fora, para ser populista, porque este Sr. depois para FAZER é que está quieto...