segunda-feira, abril 18, 2011

FMI & Cia






O FMI acha que o plano de recuperacão do país não é credível, ou seja, não corta o suficiente. Sugere por isso uma reducão de salários e o fim dos subsídios de férias e natal dos pensionistas. Este é o nosso início de conversa.
Por onde comecar? Talvez o “plano de recuperacão”.
Para quem não sabe esse “plano” é o PEC IV chumbado na Assembleia. “Muito meigo” dizem os camaradas. Percebem a gravidade do chumbo do PEC? Sim era mau, sim aquilo do IVA no golfe foi um escândalo mas quando comparado com o que aí vem, é como comparar festas no lombo com uma vara de marmeleiro ou com um cutelo de talhante. Mais cedo do que tarde todos acharão que a vara era forrada a veludo.
Reducão de salários. Reduzir o quê? O salário MÉDIO anda pelos 700 euro. O que é que se consegue reduzir? Quantos milhares da classe média vão parar à pobreza?
Compreendo o ataque aos 14 vencimentos, caso único na Europa, mas em Portugal esse “complemento” disfarca os baixos salários. A grande questão é, ou deveria ser, porque é que os nossos salários são tão baixos?
Quanto ao FMI não há nada de novo para dizer. A Grécia, primeiro país a ser “ajudado”, está no topo da lista dos países em risco de bancarrota (algures acima dos 60%). A Argentina, vários anos depois da entrada do FMI, ainda está no top 10. Enfim, chegámos aqui por culpa própria, a ganância dos mercados desregulados fez o resto. Mas fomos nós que nos metemos a jeito, não vale a pena comecar com o fado.
Quando leio a imprensa estrangeira percebo o que já todos sabem, a solidariedade europeia é uma farsa. O modelo europeu deu o estoiro.
De Inglaterra chegam opiniões imperiais. Se o dinheiro dos contribuintes entrar em Portugal, então, cada cidadão deverá ter férias grátis no Algarve. Já os alemães sugeriam que a Grécia vendesse algumas ilhas. Os Finlandeses por seu lado dizem que os povos do sul não querem trabalhar e relatam o seu próprio caso quando, há 20 anos atrás, saíram de uma crise bem pior, sem qualquer ajuda externa e com o esforco de todos. Nas eleicões de ontem o partido “os verdadeiros finlandeses” conseguiu 19% dos votos (4% nas últimas eleicões). Os ”verdadeiros finalndeses”, nacionalistas, tinham como tema de campanha o veto à ajuda a Portugal e uma politica de emigracão mais apertada. Isto promete. Já estivémos mais longe de uma europa com fronteiras. Eu sugeria Estugarda como ecuador. Para baixo a escumalha, para cima os gajos que passam frio.
Não gosto do que leio. Apetece-me mandá-los todos para esse sítio, mas, há que ser razoável. O que diríamos se fosse ao contrário?
Sim, os povos do norte não são solidários e vivem numa sociedade de cada um por si mas, convenhamos, solidariedade é aquilo que nós temos há 25 anos. Desde 1986 que recebemos fundos comunitários. Se isto não é solidariedade, não sei o que lhe chamar. Ninguém, para além dos nossos governantes e do nosso povo, pode ser responsabilizado pela má gestão e falta de visão. Estão fartos de pagar? Custa ouvir mas compreende-se. Sinceramente, nunca pensei dizer isto, já foi mais fácil ser Português. Especialmente num país nórdico onde todos perguntam o que aconteceu durante 25 anos. Por muito que me esforce, e acreditem que o faco, não tenho nenhuma justificacão para a nossa situacão que não passe por culpa própria.
É um facto que sofremos um ataque de um sistema financeiro especulativo e sem controlo que, entre outras coisas, nos empurrou para o pedido de ajuda externa. Mas também é verdade que chegámos a esse estado de fragilidade EXCLUSIVAMENTE por culpa própria.
Segunda-Feira é sempre aquele dia de merda.

1 comentário:

Helena Barreta disse...

Da maneira como as coisas estão, todos os dias, e não só as segundas-feiras, são dias de merda.

Um abraço