quinta-feira, fevereiro 03, 2011

O gajo que lava a cara com verniz da Robbialac


Estava eu naquela fase de euforia pós-vitória-sensacional-do-Glorioso - que inclui, entre outras actividades lúdicas, ouvir todas as análises dos jornalistas de servico, o flash interview, a conferência de imprensa, os servicos noticiosos das 3 horas seguintes, ver ad nauseum as repeticoes dos golos e ler tudo o que se escreve sobre o tema, de preferência em blogues de gajos um pouco mais doentes do que eu - quando ouco a voz do Paulo Portas, aos microfones da TSF, discursando sobre os juros da dívida externa. Dizia o rapaz, qual Messias, que o país estava refém de um garrote financeiro e que este governo era o responsável. E pronto. Comecou.
Passadas as Presidenciais, eis que volta o circo. O jogo da cadeira romana vai comecar. Cavaco está assado com o caso do BPN e não tem grande interesse em aguentar Sócrates. Passos Coelho quer ser PM mas ainda não. As sondagens não colocam o Zé de gatas. Portas sabes que ninguém pode com ele mas tem consciência que a queda do governo neste momento dará uma vitória PSD provavelmente em minoria (aquelas que ele prefere), deixando ao CDS margem negocial para formar um governo maioritário de direita. E que bons tempos foram esses com PSD e CDS no governo...
Cavaco não é fã de Passos Coelho, Sócrates e muito menos Portas (ainda deve ter os recortes do "Independente"). Tudo o que quer é cumprir a sua agenda e de preferência continuar a ser o unico político com mais de 15 anos nos mais altos cargos da Nacão, com tanta responsabilidade no estado do país como eu.
Portas quer barulho para, com a demagogia do costume, chegar ao tacho.
Passos Coelho quer que Sócrates se entale um pouco mais e por isso, ironia do destino, é o seu maior aliado no momento. A aposta deste será um governo maioritário do PSD, lá mais para a frente, com um Sócrates desgastado (ainda mais) e sem necessidade de recorrer a esse tumor da política portuguesa chamado Paulo Portas (Soares dixit...e bem).
Muito molho, muitos bastidores e como diria Jesus, muita giro.
Mas...onde é que tudo isto atrapalha a minha incontida alegria por ver o Sidnei "secar" o Rulquí? No exacto momento em que Portas, olhando para a cábula das tiradas demagógicas, escolhe a "dívida externa" para se atirar ao Governo. Ele, o rapaz dos submarinos, dos 24 milhões sem paradeiro, das promocões à la carte no ministério da defesa and so on....
E quem o ouve falar, com aquele ar convicto e sofredor, até é capaz de acreditar que caiu ontem de pára-quedas na assembleia da república. Que cara-de-pau mais insuportável.
E com isto perdi a trigésima quinta repeticão do golo do Javi Garcia.
A propósito...Helton, aquele abraco.

4 comentários:

Motonauta disse...

"Que cara-de-pau mais insuportável."
Excelente análise. Totalmente de acordo! E não consigo compreender como é que este cara-de-pau se mantém "visível" na política há tantos anos... Deve ser a sua horda de seguidores e parasitas do CDS que estão a mamar bom e bem por causa dele e que por isso não mudam o "líder".

Cuca disse...

Olá. Gosto deste blog principalmente da maneira como escreves. Eu votei no "paulinho das feiras" nas últimas eleições e não me arrependo. Se faço parte da catrefa nojenta que o segue? Não sei, talvez. Defeitos toda a gente os têm principalmente os políticos. Há sempre um outro que faz uma asneirola qualquer. Mas não vim aqui defender o Paulo Portas porque ele a mim não me é nada. Agora pergunto: conhecem algum político que não tenha cometido erros?

Anónimo disse...

Cara cuca, com erros posso eu bem :)
O problema do Paulinho das Feiras é saber bem demais o que faz.

tf

Motonauta disse...

Os erros... já me fiz essa pergunta e a resposta que encontrei foi a seguinte: Sim, todos comentem erros, até os políticos, até os árbitros de futebol; a diferença, penso eu, está na quantidade. Se alguém decide 10 vezes e erra 1, é uma coisa; se alguém em 10 erra 9, é outra...