domingo, novembro 14, 2010

Por ser uma aberração acho-lhe piada *




Quando em Agosto, durante as minhas duas semanas de formação para o meu actual projecto, percebi o gigantesco buraco em que me estava a meter, resolvi tirar notas como se delas dependesse o oxigénio que respiro.
Ao fim de 3 dias percebi que o rapazinho que me passava informação estava tão interessado na minha aprendizagem como em retirar o excesso de óleo do cabelo.
Em tempo de crise, partilhar informação é uma chatice porque nos torna dispensáveis. Devia ser este o pensamento do camarada.
Entretanto já lhe expliquei 50 vezes que a crise já lá vai e que há mais empregos do que pessoas na cidade.
Mas...o resultado disto foram 2 cadernos cheios de apontamentos, a que passei a chamar bíblia.
O meu trabalho neste momento é tão detalhado, elaborado, especificado e organizado, que sem a bíblia nem conseguia ir ao urinol sozinho. É aliás o único procedimento diário que não segue nenhuma regra e que não tem que ser documentado e arquivado.
Regras. Não são o meu forte.
Desde Setembro que ando a apagar fogos sem saber muito bem como. Ora sigo a bíblia, ora pergunto ao gajo do lado. Quando ninguém sabe, "inovo". Aquilo a que tecnicamente se chama "engenharia portuguesa". Normalmente a solução aparece sem que eu consiga reproduzir os passos para lá chegar. É a velha e clássica história da ponte (qualquer aluno do ISEL sabe isto).
Esta semana não foi diferente de qualquer outra.
Andei atrás de uma falha, deixando todo o projecto engatado e os meus colegas pendurados, enquanto procurava o Santo Graal.
Como de costume recorri aos meus apontamentos (ainda me lembro do gajo na formação: "Não podes querer escrever tudo!!!"...Está bem abelha....).
O primeiro problema quando consulto a bíblia é sempre o mesmo: a letra. As paredes das pirâmides têm hieróglifos mais fáceis de compreender. Pergunto-me o que fizeram as minhas 3 professoras da primária? Não viram que estava a desenvolver letra de médico? Logo eu que detesto ossos a sair da pele.
Mas, ainda assim fiquei aliviado por encontrar no meio de 3kg de papel a folha que eu precisava. Começo a decifrar a minha própria letra procurando ali a solução para o problema. O texto parece confuso. Não faz muito sentido. Continuo a ler e a tentar seguir as setas. Cá em baixo, no fim da folha, uma nota para mim mesmo escrita em Agosto: "não percebi como fazer esta merda!!!"
Ahh...então foi isso. Bem me parecia.
Está decidido. Vou inovar.





* Ao Dubai

2 comentários:

tiago.motonauta disse...

Experimenta a seguinte combinação: TabletPC + OneNote!

O único contra é que penso que terás que tirar as notas em inglês para que depois o software reconheça o que escreveste.

Anónimo disse...

Vou averiguar :)