quarta-feira, setembro 22, 2010

Corte & costura

Ainda não percebi se esta proposta de combate à despesa pública com o corte do 13° salário é para ser levada a sério ou não.
Não me parece que isso vá resolver qualquer problema neste momento. Os salários já são baixos, sem o subsídio de Natal o consumo será afectado. Menos consumo, menos vendas, menos dinheiro a circular, previsiveis falências, menos impostos, mais desempregados, mais subsidios de desemprego e por aí fora. Aquela pescadinha de rabo na boca que já todos conhecemos chamada economia.
Contudo, embora não concorde com o corte em tempo de crise, já concordo com uma forma de pagamento de 12 salários num futuro próximo.
Já discuti este assunto N vezes...porque razão recebemos 14 meses quando só trabalhamos 12? A resposta que recebo é sempre a mesma: "porque os salários são baixos em Portugal". Ora, isto é um argumento sem pés nem cabeca. Por essa ordem de ideias na China cada trabalhador deveria receber 1253 salários...
Eu nunca consegui perceber esta história dos 14 salários. Percebo o calor do momento, a revolucão, o camarada Vasco e uma montanha de gente a regressar das colónias com uma mão à frente e outra atrás. Imagino que em 74 isto fizesse sentido. Hoje não faz.
Hoje, 36 anos depois, nós devíamos ser um pais desenvolvido (e oportunidades não faltaram) com salários decentes. É isso que nos falta: excelência, competitividade, produtividade e salários de primeiro mundo. Um por cada mês de trabalho. Como fazê-lo? Como pagar 12 salários decentes em vez de 14 dignos da europa de leste?
Não sei. Imagino que a solucão passe pela aproximacão de classes profissionais...a reducão dos salários dos gestores e administradores públicos, a reducão do número de chefias, o aumento progressivo da massa salarial da base da pirâmide, uma aposta forte na educacão dos quadros e por aí fora. É que as desigualdades são enormes...os gestores públicos ganham mais do que os alemães e os que estão cá em baixo ganham menos que os polacos. Há que encurtar esta distância e rápido.
Pelo andar da carroca, com este crescimento nulo e os salários a caminharem na direccão de Kiev, talvez seja uma boa ideia criar um décimo quinto salário chamado "subsídio do FMI".

2 comentários:

Helena Barreta disse...

Quando regresso de férias fico sempre constrangida quando aceito o cheque para pagamento do mês em que estive a fazer tudo menos trabalhar para o patrão.

Anónimo disse...

Apenas um detalhe… 12 meses? Só se forem vocês aí na Suécia, nós por cá trabalhamos um pouco menos, vejamos; se aos doze subtrairmos um mês de férias; quinze dias entre feriados e dias santos (embora se chama dias santos, não é esse factor que faz encher as igrejas) com mais umas pontes à mistura, outros quinze; já vamos em dez meses de trabalho; 35 horas semanais… mal de mim se trabalhasse só 35 horas por semana, nem dinheiro tinha p’ra pagar a internet.