sábado, abril 24, 2010

Pedro e Inês

Esta paródia em volta do caso da Inês de Medeiros comeca a transformar a AR num circo ainda maior do que o habitual (já assinei a peticão Catarina!).
Custa-me até a perceber como é que o senso comum foi ultrapassado por um buraco na lei. Se é que percebi bem...
A Inês de Medeiros está recenseada em Lisboa e foi eleita deputada por esse círculo. Muito bem.
Tal como outros deputados recebe ajudas de custo para ir a casa. Já não percebo muito bem porque tem um deputado que receber ajudas de custo para ir a casa quando a AR está na mesma cidade do círculo eleitoral pelo qual se candidatou. Percebo muito menos quando a casa desse deputado fica em Paris.
Quer dizer...se um deputado das beiras se desloca para trabalhar em Lisboa (já que só há uma AR) deve receber ajudas de custo, faz sentido, agora um deputado que concorre por Lisboa e por acaso vive em Paris... Azar não é amigos? Se a lei não prevê este caso, então a razão em quem governa deve prevalecer.
Se um deputado concorrer por Braga mas resolver viver em Shangai, deve a AR pagar viagens ao fim-de-semana para que ele possa comer arroz chao-chao com a família?
Não me lixem...
Eu até compreendo que a Inês de Medeiros venha com a melhor das vontades e espírito de missão para a AR, mas quer dizer, pagar viagens a um deputado todas as semanas para que ele possa ir a casa, quando essa casa fica em Paris, é imoral. E pouco importa se o país está na miséria ou não. Isto não faz sentido em parte nenhuma do planeta.
Não há um dia sem uma notícia que nos faca parecer uma verdadeira república das bananas.
Já chateia.

2 comentários:

catarina disse...

... no fundo, sabes o que mais me irrita? tudo isto é imoral. é absolutamente imoral. só a dita cuja senhora ter a lata de fazer semelhante pedido já me mexe c'o neurónio de uma forma absolutamente estonteante. ouve: eu trabalho, para todos os efeitos, para o estado português. recebo 750 euros ANUAIS para deslocação a congressos/cursos. 750 euros ANUAIS não pagam um congresso/curso de 3 dias na europa. imagina quando é fora dela. o restante, aquilo que os 750 não cobrem, sai do meu bolso. direitinho do meu bolso. bolso esse que só recebe 12 meses por ano, e que não é aumentado há 8 anos, o que corresponde a uma perda do poder de compra de 20%. e agora tenho que contribuir para aquela idiota receber 2500 euros MENSAIS para deslocações PESSOAIS, quando eu pago as minhas deslocações PROFISSIONAIS do meu bolso?! como se diria na minha terra, o CARAGO QUE TENHO!
convém acrescentar que, segundo a imprensa, quando a senhora se inscreveu enquanto candidata a deputada pelo círculo eleitoral de Lisboa, deu um endereço de... Lisboa! por muito esburacada que seja a lei, não há quem lhe explique isto (e aproveite para lhe pregar um belo par de tabefes)?!
por isso, assina amiguinho. assina todas as peticões (peticães?:)) e mais algumas! mesmo sem cedilha, assina. porque - diacho - esta situação é demasiado ridícula para ser sustentável. eu costumava dizer que tinha muita pena de não ter vivido o 25 de Abril: todo aquele clima de conspiração e luta pela liberdade me parecia tão lindo e comovente. gostava de me ter escondido em caves escuras a cantar Zeca Afonso, de ter passado jornais não-censurados na clandestinidade de um aperto de mão, de desfilar pelas ruas com um cravo (nunca uma papoila saltitante:)) vermelho na lapela! recentemente, apercebi-me que os motivos para uma revolução dificilmente acabaram. e que o 25 de Abril é, de facto, Sempre. desde que o não deixemos morrer.

PS: de resto, eu até pagava uma viagem à senhora. com todo o gosto. e em executiva. com direito a massagem aos presuntos e tudo. desde que fosse só uma. e de ida. só mesmo de ida.

Helena Barreta disse...

Neste país são injustiças, imoralidades, ladroagens atrás umas das outras, todos os dias e à descarada.

Há muitos anos disse-me o meu pai que se a par do 25 de Abril, não houvesse uma revolução cultural ia ser mau. O meu pai tinha razão, não só estamos mal, como por mais indignados que estejamos, ninguém quer saber, ou está interessado em mudar o estado de coisas.