Mas estou calmo. Esta incompetência é paga por vocês. 10 euro por ano a cada um de vós. A mim resta apenas a fatia da vergonha.
Aqui há uns meses largos, aterrava na Portela a bordo de um TAP e no banco da frente estava o Paulo Pedroso, vindo de Bucareste, naquela altura em QUE TINHA INICIADO FUNCÕES na Roménia para apanhar ar fresco depois da cowboyada da Casa Pia. Viajava com uma crianca e outro adulto, adulto esse que se queixava de qualquer coisa portuguesa. O avião, o servico, o aeroporto...já nao me lembro.
Pedroso olhou para ele e disse: "já pareces os imigrantes que a primeira coisa que fazem quando saem do país é falar mal de Portugal".
Confesso que concordo com esta frase. Quem nunca esteve numa praia a ouvir um discurso iniciado por "lá na France é que" qualquer coisa boa, que levante o braco.
Tento por isso não cair no mesmo erro, mesmo quando, como na semana passada me colocam perguntas incómodas do género: "Olha lá, porque é que o teu país está na lista PIGS ?"
Enfim...tento sempre justificar o injustificável e mostrar o nosso lado bom. Uma coisa é discutir a situacão do país com amigos no Bairro Alto, outra é ouvir um estrangeiro a debitar postas de pescada sobre o nosso rectângulo.
Mas, há que dizer, em determinados momentos fico irritado qb com alguma gritante e exclusiva incompetência lusa. A TAP, no que a incompetência diz respeito, enche-me as medidas.
Resolvi fazer uma reserva para ir a Portugal em Julho. O site estava um pouco engatado e os precos também. Tinha uma dúvida numa ligacão por Copenhaga e resolvi telefonar. Foi o erro do dia.
Tentei a linha de apoio em Estocolmo e ao fim de 30 minutos a ouvir pan pipes e "assim que possível atenderemos a sua chamada" resolvi desligar. Insisti umas horas depois e mais 40 minutos de esfrega. Pensei: "certamente têm uma pessoa apenas a atender as imensas chamadas que a TAP recebe na Suécia". Deve ser uma loucura a linha da TAP em Estocolmo. Imagino os milhares de pessoas que ligam para lá todos os dias. Mas...seguindo esse raciocínio, optei por ligar para Lisboa. "Na Portela o call-center deve ter dezenas de pessoas", pensei eu.
Comecei a ouvir a mesma música, mesma mensagem e a mesma espera. Aguentei até aos 20 minutos, porque o custo da chamada já dói mais, e desliguei.
Por esta altura já fervia um pouco mais e resolvi escrever uma reclamacão. Gostei do detalhe presente no formulário da TAP. "Deseja resposta? Sim ou Não?"
É uma boa questão. Estou certo que as pessoas que apresentam queixa na TAP, e devem ser poucas, não estão muito interessadas na resposta. Serão os queixosos certamente todos reformados que, na impossibilidade de ir jogar dominó para o parque porque chove, preenchem formulários da TAP só para passar o tempo, aproveitando o facto de darem um pouco mais de luta do que o sudoku. Um mimo.
Depois, e como sou mais estúpido do que pareco, voltei a ligar para a linha sueca. Mais 40 minutos que é para não ser esperto.
A ver se nos entendemos. Eu sou português e prefiro SEMPRE voar na TAP. Convém também dizer que a TAP, sendo uma empresa pública, financiada pelo orcamento de estado e com prejuizos suportados pelos contribuintes desde o dia em que nasceu, o MÍNIMO que pode fazer é prestar um servico decente a esses mesmos contribuintes. Eu nem digo BOM. Bastaria que atendessem os telefones para ser um maná. Eu sei, eu sei...já não sou contribuinte e por isso é comer e calar.
Nem tanto. Vendo a coisa numa pintura maior e sabendo que o nosso país continua a receber subsídios europeus e que a Suécia é um dos países pagadores, lá está, as hospedeiras que ficam no Hotel Nacional em Havana durante uma semana a comer lagosta, também são pagas com os meus impostos. Tudo isto é um pequeno quintal.
Sem querer entrar naquela coisa do "lá fora é que é", vou contar uma pequena história que se passou aqui, também com uma empresa do estado, neste caso com monopólio, que é a companhia dos comboios (www.sj.se). Durante este inverno, foram milhares os passageiros que ficaram entalados com a história do "há neve, o comboio não passa e como é a natureza não podemos ser responsabilizados". Como imaginarão a neve não é uma novidade por estes lados e a SJ, que cobra bilhetes de 30 contos por viagens de 3h, tem que se responsabilizar pelos servicos que vende, principalmente quando o fazem sem concorrência e com precos nada amigos. A outra opcão era simplesmente fechar os caminhos de ferro no inverno. Se operam e lucram têm que ser responsáveis. O regabofe durou até que a suecada comecou a ficar farta e inundou a companhia com reclamacões, os jornais mostravam fotografias com milhares de pessoas nas estacões e o governo chamou a administracão ao parlamento.
Levaram a ensaboadela da ordem e no dia seguinte comunicaram: "devolveremos o dinheiro dos bilhetes, faremos novas marcacões e assumiremos os prejuízos".
As reclamacões eram tantas que estavam a ser lidas com 3 meses de atraso. Uma delas era minha. Por causa de uma atraso de 4h perdi uma ligacão de barco para a Letónia e tive custos extra de alojamento. A SJ devolveu-me 200 euro, assumindo todos os encargos.
O que é isto? Isto é um governo que não permite que os seus pagadores de impostos, que sustentam a administracão pública, sejam roubados à luz do dia.
E isto acontece com qualquer empresa prestadora de servicos. Pergunto: é assim tão difícil exigir e fiscalizar o bom funcionamento de empresas públicas que por acaso até têm elementos convidados pelo governo na administracão? Não me parece que seja uma busca pelo Santo Graal...
Pelas minhas contas é a terceira vez que tento voar com a TAP e não consigo. Os beneficiados são sempre os mesmos. E tudo o que fazem para ganhar um passageiro é atender um telefone em menos do que 5 minutos.
Uns malucos estes holandeses.
8 comentários:
Não me conhece e não o conheço. Reconheço, enquanto pessoa que também trabalha no estrangeiro, as suas queixas da TAP e até agradeceria a citação, não se dera o caso de ser feita a partir de ouvir conversas privadas entre colegas de viagem, fazendo de si um bisbilhoteiro como em Portugal vai havendo muitos (veja-se o grande ouvido de Mário Crespo em conversas de restaurante).
Contudo, também não o incomodaria com este comentário, se não me indignasse o facto de me atribuir "tachos" e a sua bisbilhotice ser tão selectiva.
Acredito que esteja a trabalhar num país estrangeiro no âmbito de um contrato ou uma bolsa que tenha ganho por concurso. Não tenho nenhuma razão para pensar o contrário. Mas se respondesse na mesma moeda ao seu comentário, dirigir-me-ia a si como um tipo que tem um padrinho qualquer que lhe arranjou um esquema lá fora. Gostou? Eu não gostaria e por isso não gosto que quem tão severamente (e bem) acusa a incompetência dos outros, destrate quem não conhece só porque é giro. Para seu registo, trabalhei e trabalho no estrangeiro, em diferentes contratos, todos ganhos em concursos internacionais, a que se apresentam empresas que passam por várias etapas de selecção. Embora isso seja irrelevante, ou devesse ser, dá-se até o caso de que nenhuma das empresas com que ganhei esses contratos ser portuguesa. São todas estrangeiras e não têm qualquer ligação a Portugal. Percebe porque me irrita a gracinha do "tacho"?
Se for bem-educado percebe que me deve um pedido de desculpas, se não for não perca o seu tempo.
Cumprimentos
Paulo Pedroso
PS. Quanto às pessoas com quem viajava, concerteza que, se vinha a ouvir as conversas dos outros, também deve ter percebido que grau de parentesco havia ou não entre elas e com isso se desvanecia uma insinuação que pode ver-se no seu post e que até acredito plenamente que não tenha sido intencional.
A falta de empenho e a incompetência também me dão a volta à cabeça. É que sou mesmo intolerante com a falta de profissionalismo.
Bom fim de semana
P.S. parabéns pelo seu Benfica
Xiça Tiago, tens o teu blog sob-escuta!
Caro Paulo Pedroso,
de facto você não me conhece e eu não o conheco.
Parece no entanto que temos algo em comum, ambos assumimos o contrário.
Eu assumi que você, tal como a esmagadora maioria da classe política portuguesa tinha um tacho político. Assumo-o.
Você por outro lado assumiu que eu era bisbilhoteiro.
Vamos por partes. Não me custa apresentar-lhe um pedido desculpas pela generalizacão utilizada com a expressão "tacho". Perante o que aqui escreveu, embora não fosse necessária qualquer justificacão entendo porque o fez, peco-lhe desculpas públicas por lhe ter atribuído um "tacho" que aparentemente não teve. Há, como certamente saberá, corrupcão, tráfico de influências e prateleiras douradas na política portuguesa. Não é conversa de café. Há casos provados e há essencialmente muitas penas ridículas e muitos mais arquivamentos. Um relatório, lamento mas já não me lembro de que instituicão internacional, dizia que Portugal poderia estar hoje no nível de desenvolvimento da Finlândia, que ainda no ano passado era o país modelo da UE, se não fosse a corrupcão. Isto tudo para lhe dizer que lamento muito, mas por vezes é difícil distinguir o trigo do joio. Mas enfim, assumo o erro e peco-lhe desculpa pelo mesmo.
Quanto ao resto convém esclarecer que, não há qualquer insinuacão mais ou menos maldosa no que escrevi. É um facto que esteve envolvido no caso da Casa Pia, é um facto que viajava com uma crianca e um adulto e também é um facto que depois desse caso iniciou funcões em Bucareste. Aliás, isso foi público, vinha numa longa entrevista que deu ao Expresso e que eu por acaso eu li.
Fiz portanto referências a factos. Não opinei e muito menos tive intencão de fazer qualquer insinuacão maldosa referente ao caso da Casa Pia. Tenho a minha opinião como qualquer ser pensante. Imagino que não esteja interessado em saber o que penso, mas se for esse o caso, terei todo o gosto noutro espaco que não este.
Deixe-me apenas dizer-lhe que nunca gostei de condenacões e linchamentos públicos sem hipótese de defesa. Acho que fica clarificado o ponto das "inisinuacões".
Quanto ao facto de ser "bisbilhoteiro" e de "vir a ouvir as conversas dos outros", deixe-me dizer-lhe caro Paulo Pedroso, que só percebi quem você era no momento em que aterrámos na Portela e nos levantámos para tirar a bagagem de mäo. Nesta altura, momento em que aconteceu a conversa que cito, você distava poucos centímetros de mim, por muito que tentasse, seria impossível não ouvir o que disse, a não ser que fosse 100% surdo. Só com 90% também dava para ouvir. Há portanto uma diferenca entre o que aconteceu realmente e aquilo que você pensa que aconteceu. Escusado será dizer que não faco a mínima ideia de graus de parentesco ou qualquer coisa do género.
Como não duvido que também seja uma pessoa educada, estou certo que perceberá agora que se precipitou e que a forma ofensiva como se referiu a mim foi injusta. Isto para ser simpático. Não se incomode com o pedido de desculpas.
Além do mais, se percebeu o que escrevi, a referência ao que você disse foi usada como um exemplo de algo que concordo e que tento evitar, embora no caso da TAP seja por vezes difícil. Retirando a parte do "tacho", que já esclareci, não há qualquer "gracinha", "insinuacão" ou "bisbilhotice". Há uma referência a um comentário que ilustra o que quero dizer e que teria o mesmo valor vindo de si ou de um qualquer anónimo.
Por fim caro Paulo Pedroso, deixe-me dizer-lhe que por muito que quisesse referir-se a mim como alguém que tem cunhas ou padrinhos, isso seria extremamente difícil. Eu tenho 32 anos e trabalho desde os 24 como engenheiro electrónico. Passei por várias multinacionais (sempre no sector privado) e em todos os sítios onde trabalhei (VW, GM, FORD, ASSA ABLOY e DANAHER MOTION) entrei por aquele clássico método da entrevista, testes de inglês, testes psicotécnicos, entrevistas de grupo e por aí fora. Nunca na minha vida tive sequer alguém conhecido no sítio para o qual concorria. Quando decidi sair de Portugal para a Suécia, país onde vivo e trabalho, não conhecia rigorosamente ninguém deste lado. Empregador, familiar ou amigo. Portanto caro Paulo Pedroso, no meu percurso profissional, a única pessoa a quem eu tenho que agradecer é a mim mesmo. Eu sei o que é lutar por objectivos e sei com quem conto para isso. A minha folha de favores a pagar está e ficarás sempre em branco.
Espero que tenha ficado esclarecido.
Até sempre
Cumprimentos
Tiago Franco
Enviar um comentário