terça-feira, outubro 27, 2009

Que perfeito coracão


O ritual é sempre o mesmo.
Levanto-me da cama puxado por uma grua. Bato nas paredes a caminho do duche. Como e leio as primeiras notícias.
Despeco-me do Diogo e ele, quem diria, brinda-me com sorrisos. Logo pela fresquinha.
Estou atrasado. Errado. Estou atrasadíssimo.
No elevador olho para o espelho e vejo como o cabelo está no sítio. Grande ideia esta de o rapar. Está sempre penteado. Menos trabalho = óptimo.
Abro a porta do prédio e vejo o céu. O céu?? O céu. Azul com um sol a encher a rua de brilho. Entro no carro bem disposto. Faco o caminho para a volvo com a alegria de quem vai para uma praia de águas claras. No caminho escolho a música certa. Sol, céu azul, pede algo nosso. Algo que traga Portugal e o sente ali ao lado. Vai a gaivota e um arrepio. Canto pelo caminho enquanto contemplo este fantástico dia. Uma claridade imensa logo às 8 da manhã….ok, 9 da manhã. Entre refrões lembro-me da meia-dúzia de ontem. A alma está cheia. Há quem diga, economistas presumo eu, que uma vitória do Glorioso corresponde a um aumento do PIB porque as pessoas, alegres, produzem mais. Talvez seja um bocado exagerado. Um bocadinho só. Mas lá que anima a malta, isso anima. E como sabem, pela voz do poeta, é só isso que fazia falta.
Estaciono em 4a fila, num lugar que se não me engano dizia "cu de judas", a tapar 2 ou 3 carros, enquanto me lembro daquele mail que circulava quando eu trabalhava em Portugal e que dizia, que os suecos que chegavam cedo ao trabalho, estacionavam bem longe do portão para deixar os lugares da frente para os colegas que vinham atrasados. Que bons são os mitos. Sem eles percebemos que a selva é igual em todo o lado. Sonhemos pois.
Venham eles. Os fornecedores, os bugs de SW, as especificacões, os procedimentos, as reuniões intermináveis.
O dia é de céu azul.

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