terça-feira, setembro 29, 2009
Então e o famoso losango?
Sempre quis saber onde fica a linha que separa a meninice da idade adulta.
Primeiro pensei que fosse a idade legal. Os 18 anos, a entrada na universidade, as noites em claro a preparar o futuro, etc. Tudo muito adulto e tal. Mas não. Tirando o facto das fraldas darem lugar ao urinol, o resto continuava lá.
Talvez quando se comeca a viver sozinho sem os pais por perto para "coordenar" tudo. Huuumm…também não. Quando comecei a viver sozinho nem a barba fazia e metade das minhas refeicões levavam cerelac.
Então deve ser quando se entra no mundo profissional. Só pode ser isso. Camisa, cara de sério, reuniões, apresentacões, máquina de café, conversas sobre a bolsa de valores, discussões sobre nacionalizacões, lutas de classes, etc. Também não. No meu primeiro emprego, e agora estou a lembrar-me de algumas caras, havia mais rambóia do que no secundário.
Então quando?
Deve ser naquele momento solene em que se tem um filho. Um filho pá! Um bébé, alguém para assumir o papel juvenil deixado vago! Mas não…também não é aí.
Então? Quando é que se ultrapassa a linha que separa a meninice da idade adulta?
Descobri a resposta na semana passada enquanto olhava para um robot de cozinha numa prateleira do Media Markt.
Meus amigos…quando se compra um utensílio que não cabe em qualquer armário e "faz tudo na cozinha", sabemos que entrámos numa nova etapa, outra divisão, outro campeonato. Somos alguém que precisa de "fazer tudo na cozinha" e que sabe, para esse efeito, para que serve cada uma das 789 pecas que acompanham o robot. Somos adultos. Já não tiramos filmes do Pirate Bay. Trituramos carne, fazemos batidos de fruta.
Ponto prévio que julgo ser importante: nunca tinha lido um manual de algo que se ligasse à corrente eléctrica. Desta vez, nem depois de ler o manual consegui meter o robot a funcionar.
Isso deixou-me logo impressionado…bolas, isto é mesmo tecnologia de ponta. Percebo agora o preco e a importância!
Mais tarde, passada a fase da admiracão e enquanto via aquilo a mexer, comecei a pensar nas funcionalidades e naquele sem número de acessórios. Havia um mundo para descobrir. Olhei, apreciei e pensei.
Afinal, o que é um robot de cozinha?
É um faz tudo, um insubstituível, um inseparável, um imprescindível…é isso tudo. Mas o que faz?
Tem um motor que anda em círculos. É isto.
Um robot de cozinha é um motor que anda em círculos a 4 velocidades diferentes. É este o grande achado.
É isto que é vendido como o milagre da cozinha. A solucão para todos os teus problemas de avental. Um motor que anda em círculos.
Isto permite-nos, desde logo, concluir que para os fabricantes nada de verdadeiramente importante na cozinha se faz sem ser em círculo.
Não há utensílios de cozinha que executem qualquer coisa aos saltos, em quadrado ou sentido oblíquo. A máquina de lavar louca já espalhava água em circulos, o tambor com a roupa segue em circulos, os tacho e panelas têm fundos que são círculos e agora o robot corta, amassa, tritura e mexe em círculos.
Acho redutor. Não há vida culinária para lá do círculo. Parece-me que a geometria é largamente discriminada no espaco que separa o fogão do frigorífico. Onde ficam os cantos nesta história?
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2 comentários:
Próximo passo...Bimby!!
Mas fica a questão: A que fase da vida corresponde a aquisição deste equipamento?
Bem Tiago, acho que a bimby também entra na idade adulta mas já naquela fase em que as varizes pesam e a preguica é tanta, que nem para ir ao tasco da esquina buscar pão nos incomodamos :)
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