quinta-feira, julho 23, 2009

Quando o Vitinho não resulta

Parecia que sim mas por acaso não.
Virava para aqui e para ali.
Queria falar mas como ainda não passou do "G" dizia "guuuuu", "guuuuuu".
Pernas para cima e para baixo.
Chucha para o chão a cada 10 segundos.
Então e dormir?
Nem por isso.
O relógio avancava e o plano de emergência foi activado.
Colo.
Com abanico.
O clássico.
Um grito aqui e outro ali. Não estava a resultar.
Imagens da minha infância traziam a minha avó a cantar.
Bom...se me calou, serve para calar toda a gente.
Comecei com algo próprio da idade: Dartacão e Vitinho. Lamento mas não sei o que é que os putos vêm hoje em dia.
Continuou a gritaria. Não pegou.
Mudei o disco para o Vitorino. Ó rama, ó que linda rama e a paisagem recheada de chaparros.
A tranquilidade do Alentejo e o galo do azeite também não resultaram.
Virei-me então para a artilharia pesada, sempre com o Alentejo em pano de fundo, e comecei a explicar-lhe que Grândola é uma vila morena.
Silêncio. Pela primeira vez silêncio.
Captei a sua atencão e percebi em que zona me teria que mexer. Muito bem. Ele é que escolheu.
Abri o livro do Zeca e continuei o recital. Venham mais cinco cancões que o embalaram.
Já o tinha na mão.
Larguei o poeta e chamei o menino do Huambo para o golpe de mesericórdia. Se abriu as portas da liberdade também pode servir para ilustrar novos sonhos.
E depois do adeus, finalmente, chegou o sono.
Por via das dúvidas e prevendo o futuro, vou rever a obra de Ary dos Santos. Cheira-me que vai dar jeito.

1 comentário:

Inês disse...

Está visto que o miúdo tem bom gosto! Tens sorte, é provável que ele nunca venha a ouvir DZRT :D