segunda-feira, junho 01, 2009

O "encino"

Vi com alguma preocupacão a manifestacão de professores.
Não pelo que se disse, mas pelo que ficou por dizer.
Uma professora, apanhada pelo microfone da RTP disse que o governo deveria falar com os professores e não com o sindicato. Usando as suas palavras: "falar com quem trabalha e não com quem está no gabinete".
Embora não concorde com este preconceito do "se é sindicalista, não trabalha", concordo com a frase quando aplicada à Fenprof.
Já o disse várias vezes e repito: a Fenprof é o melhor exemplo de sindicalismo de terceiro mundo que existe no nosso país. Não fazem a mínima ideia de qual é o papel de um parceiro social. Seguem a agenda da ala conservadora do PCP (o que a meu ver só rebaixa um partido que tem um papel importante na nossa democracia) e fazem do protesto a forma de diálogo.
Como nunca ouvi da boca de Mário Nogueira uma única proposta alternativa para o modelo de avaliacão resolvi investigar no site da Fenprof (sim, as insónias dão-me tempo para tudo...). Encontrei muitas declaracões de protesto, muitos apelos para a luta, muitos textos a dizer que o modelo não serve....o que não vi foi uma alternativa diferente de deixar tudo como está.
A Fenprof enquanto sindicato destrói qualquer hipótese de nivelar por cima a qualidade do nosso ensino e continua a fazer de escudo para os medíocres. O governo recuou ao ponto de este ano a avaliacão não ser mais do que uma auto-avaliacão. Longe do modelo inicialmente proposto. Lendo por aí vejo várias propostas de modelos para a avaliacão de professores. Normalmente feitas por professores, como faz sentido.
Concorde-se ou não, a avaliacão tem que existir e colocar propostas na mesa é a melhor forma de iniciar o diálogo. E por favor acabem com o choro das horas de trabalho...se passarem 3 dias no mundo real percebem que não são tantas quanto isso. Tem razão aquela professora que diz que o governo deve falar com os professores. Mas como? Como se fala com 100 000 pessoas ao mesmo tempo? Não é possível. Por isso é que existem sindicatos. É suposto representarem a opinião e desejo, pelo menos maioritários, da classe. Se não é esse o caso, porque é que têm o mesmo representante há 20 anos?
E o que dizer do aproveitamento político que em tempo de eleicões (europeias...pequeno detalhe...) toda a oposicão fez? É um vazio de ideias que até assusta. Talvez o barulho de fundo acabe por prejudicar o governo nas urnas. Talvez. Com reformas a meio, eu continuo a achar que não existe neste momento alternativa a José Sócrates.

1 comentário:

Sávio Fernandes disse...

É um verdadeiro bico de obra, a reforma da Educação. E o Nogueira é, claramente, uma das pedras na engrenagem do sistema.