The pink panther

É norma na Suécia os inquilinos partilharem uma sala comum em cada prédio para lavar a roupa. Não tem a comodidade de estar disponível 24h por dia, mas tem a vantagem de evitar 72 prestacões na Singer e mais umas quantas machadadas no ambiente. É o sentido comunitário dos vikings a falar mais alto.

Eu gosto do esquema. Além das máquinas serem tão grandes que até eu posso tomar banho lá dentro, há sempre a hipótese do convívio fugaz e de um treino de 2 ou 3 frases em sueco sem tropecar na língua.

Há dois dias fui fazer a primeira máquina só com roupa do Diogo. Ele veste o número mais pequeno (50) e como não tem assim muita coisa, resolvi lavar tudo de uma vez.

Uma hora depois regresso para tirar a roupa.

No caminho encontro uma vizinha que me diz "Já sei que é pai! Muitos parabéns pela sua menina!"

Sorrio agradecendo e ajusto o detalhe: "É um menino."

"Ai sim? Então porque é que compraram a roupa toda cor-de-rosa?", diz ela um pouco espantada.

De imediato enfio a cabeca na máquina e vejo o resultado da obra.

Parece que estava um pano vermelho de 2x2 cm ali no meio.

Explico à minha vizinha que a roupa era branca e que estava agora estragada.

Ela reage com preocupacão...."Ehhh....e agora? Ela vai ficar furiosa contigo!!"

Aqui tive que parar porque já não conseguia argumentar em Sueco mas constatei como ela assumiu que a culpa era minha. Se há asneira na roupa e o homem está por ali, a culpa é dele. E olha que acusam as mulheres de não serem solidárias entre elas...

Asneira feita e o Diogo ganhou um novo guarda-roupa.

Rosa.

Paciência....o glorioso andou de rosa e não deixou de ser glorioso.

Entrego agora o caso nas mãos da lixivia e do próprio Diogo.

Se os químicos safarem a coisa, muito bem. Caso contrário resta-te (a ti puto) crescer rápido e passar para o tamanho seguinte onde te aguardam roupas não tão cintilantes.

Até lá, já sabes.

Rosa cueca.