segunda-feira, outubro 13, 2008

Sinto-me 3,5 % mais confiante depois desta lenga-lenga



Ver um noticiário ou ler um jornal, pode hoje em dia ser encarado como uma aula grátis de economia.
Mais de metade do tempo de antena ou das folhas de papel são destinados a explicar o crude, o brent, as sub-primes, o PSI20, o Nasdaq, os produtos tóxicos, as injeccões de capital, a especulacão, os bancos centrais, as taxas de juro e por aí fora.
Os líderes europeus papam mais uns jantares à conta e fazem um sem número de declaracões políticas com o intuito de restaurar a confianca.
Político aqui não é uma forca de expressão. É mesmo um facto. Falam sem dizer nada. Sarkozy e seus pares aparecem a dizer que vamos sair da crise, não há razão para ter medo. Há que ter confianca, gritam.
Nunca explicam como. Imagino que nem eles saibam e esse é que é o problema real. Quanto a passar confianca para o lado de cá, estamos conversados.
Há que notar também que só dos países mais ricos vêm declaracões. Já alguém ouviu o presidente do Togo dizer o que acha da crise financeira? Não. Então e o gajo do Senegal? Também não. E os demais miseráveis onde bolsa representa apenas um utensílio para levar ao ombro? Também não. O que é que lhes pode acontecer? Ficarem pobres? Foi o que eu pensei.
De entre as declaracões que ouvi, tive particular carinho pela que W. Bush proferiu.
Dizia ele: "A crise afecta o mundo inteiro. Nenhum país deve ficar contente com a desgraca alheia. Estamos nisto juntos e juntos saíremos daqui."
Ora eu acho isto maravilhoso.
De facto estamos juntos na crise.
Eu pelo menos olho em volta e vejo menos 100 colegas.
Não há dúvida que as consequências são globais.
Também se tornou claro que todos temos que pagar para sair da crise. Pelo menos os contribuintes americanos e europeus.
Ou seja, ele tem razão quando diz que juntos saíremos da crise.
Mas W., conta-me aqui um segredo?
Também arranjámos este berbicacho juntos?
Não me parece W., não me parece.
Parece-me que tu e os demais atrasados que quiseram encher os bolsos em poucos anos, criaram uma gigantesca bolha de especulacão que rebentou nas mãos de todos. Sem dinheiro para cobrir tanto capitalismo selvagem, o teu governo vê-se obrigado a chatear os que estão do lado de cá. Como a vossa falência implica falência (Ex. Islândia) ou sério abalo em alguns sectores da economia europeia (ex. Inglaterra que já está a nacionalizar bancos), acabamos por "estar juntos" nesta salganhada, para a qual nada contribuímos.
Estranha definicão esta de "estar junto".
Vocês estragam, nós arranjamos.
Trabalho de equipa.
Eu sei que neste momento isso é impossível e não passa de uma utopia, mas num mundo justo e parafraseando um senador republicano: "Os gajos de Wall Street que limpem a merda que fizeram".
E é isto Bush.
Mas num mundo justo tu também já estavas a bater com os costados em Haia, por isso, manda para cá a conta e vai lá descansar para o rancho do Texas.

1 comentário:

Kruzes Kanhoto disse...

Talvez sim. Mas esta coisas começou no tempo em que reinava o Cliton lá pelas Américas e um tal de Guterres cá por estas bandas...