Para quem sabe que nasceu sem asas, andar de avião é sempre um conjunto de rezas muito próprias. Nunca aprendi o pai-nosso-que-estás-no-céu-santificado-seja-o-vosso-nome-assim-bem-como-a-nós-amén pelo que recorro a técnicas mais "Amélie Poulain". "Se não abanar mais do que 3 vezes prometo que nunca mais falo mal da tap! Se desta me safar prometo fazer a barba todas as semanas!" e por aí fora.
Sinto que estou só. Há minha volta todos nasceram com asas e acham que 11 km na horizontal ou na vertical têm o mesmo impacto. Com essa não me apanham.
Neste momento estou a bordo de um avião da Lufthansa. Daqueles com dois motorecos a pedal colados na cauda. Iguais aos da Portugália para quem costuma ir passear para os lados de Figo Maduro. Não me agradam. Um amigo meu entendido destas coisas já me explicou que em caso de azar até aterram com um motor, mas acho que estes a corda não estão incluídos nesse pack.
Escrever ao som de U2 faz-me esquecer por momentos que o chão está longe. Por outro lado dá-me aquele ar muito Clara Ferreira Alves "nos aeroportos do mundo", se bem que Gotemburgo nunca terá a projeccão de um Rajiquistão.
O vôo para a Alemanha foi num Airbus da Tap e confirmei uma teoria que há muito defendo. Os pilotos da nossa transportadora conhecem atalhos no ar. Nunca abana, nunca mexe, nada. As bagagens desaparecem, o check-in não é feito até ao destino, o site não funciona, as mangas são uma miragem, conseguem atrasar um vôo em qualquer aeroporto do globo...tudo muito bem....mas naquelas 3h no ar parece que deslizam A2! Para malta sem asas é o que conta.
Esta é para mim a grande dificuldade de estar longe. O ter que voar para ver as pessoas de que mais gosto.
Que raio Zé! Para quando um TGV da Raketgatan até à Luisa Todi pá??
Semana compacta mas com direito a tudo...peixe grelhado, praia, sorrisos e abracos. Volto de alma cheia. O meu avô, acabadinho de festejar os seus 80 anos, está novamente a resmungar e a dar ordens. Prova inequívoca de que está em forma.
Reparo agora que estou de calcões. Assim que aterrei na Portela vesti o traje nacional e deixei a pele apanhar ar durante uma semana. Talvez não seja tão bem pensado no momento em que Gotemburgo aparece na janela, mas vamos a isso. Como é que eu sei que Gotemburgo está mesmo ali? Porque nas últimas 4h vi o céu de 4 países (Pt, Espanha, Franca e Alemanha) e o azul dominava. De repente surge uma cama de nuvens que não engana. Ali por baixo está Gotemburgo. Ou então Londres. Mas algo me diz que é Gotemburgo...
O natal está quase.
4 comentários:
Bem-vindo ao teu próprio blog :)
É verdade... O Natal está quase ;)
Adorei o seu Blog :)
Passe no meu também e comente!
*
Não estás só... acredita que te compreendo... eu também não nasci com asas!!!
eheheh!
bem-vindo de volta ao circuito bloguístico (sim, só agora percebi que regressaste à svenska e, por isso, às lides internéticas...:))
quanto aos abions, eu, felizmente, nasci com um belo par de asas: entro nos ditos cujos, reencosto-me, peço ao hospedeiro de bordo (assistente de vôo, catarina, assistente de vôo... nunca mais aprendes a falar como gente crescida!) mais jeitoso que o meu campo de visão captar um belo de um cafézinho, abro um livro, espreito pela janela de 5 em 5 minutos para apreciar a paisagem, e quando o bicho aterra fico sempre com aquela estranha sensação "já?! mas eu ainda só li 2 livros e meio..."...
de vez em quando os gajos dão uns abanicos, "zona de turbulência" e tal, "apertem os cintos" e tal, o que chateia um bocado porque as letras tremem, mas tirando isso não m'aborrece muito... é: até ver, eu e os abions somos amiguinhos.
Enviar um comentário