Ponte de Alvsborgs (Gotemburgo - Hisingen)
Gosto de pontes.
De as ver ao longe.
De as atravessar em dias de sol.
De as contemplar da janela de um avião.
De as observar sentado na margem.
Ao que consta, nós (os Portugueses), somos "do melhor" que há em toda a galáxia a construir pontes.
Ouvi esta verdade da boca de um camarada que trabalha na área e que achava o Martin Pringle um fenómeno, mas ainda assim acho que ele tem razão. Se fosse necessário ligávamos o Sol a Marte com uma ponte de juntas reforcadas (parece que aquilo queima...)
Agora, ter uma ponte a passar debaixo dos pneus do meu carro todos os dias para chegar ao trabalho...huummm...já não me agrada tanto.
A teoria é uma coisa linda e faz-nos pensar que o mundo pode ser plano, mas a realidade é bem mais aborrecida.
Sempre disse que preferia vender bolas de berlim na costa da caparica a ter que ser mais um a engrossar as filas da 25 de Abril todas as manhãs. Nunca percebi porque razão as rádios fazem a cobertura matinal do trânsito nessa zona. O que é que muda de dia para dia??
A frase "a fila comeca na segunda ponte do Feijó" só não é o maior clássico dos "media" nacionais porque o grande Fernando se lembrou de comecar a dizer "E esta "hein"??" quando filmava o Adolfo (aquele do III qualquer coisa...) nos tempos da BBC.
Como não sou de intrigas, resolvi vir trabalhar para uma ilha. As aulas de geografia explicaram-me e passo a citar: "uma ilha é um espaco de terra rodeado de água por todos os lados". Era nesta parte que eu devia ter desconfiado que as pontes iam deslizar debaixo de mim. Fazia aquele raciocinio rápido do "ponte - duas faixas - muitas pessoas - carros encravados" e dizia "Não, nem pensar! Têm cá bolas de berlim??"
Mas não. Pensei: "Isso é LÁ...AQUI as pontes são mesmo a passagem para a outra margem".
Teoria? Linda de se pensar.
Realidade? Complicadita.
Além das encravadelas habituais a ponte está a ser reparada (com corte de faixas) entre Abril e Setembro de 2007.
1,5 horas foi o tempo para o dia de hoje. Conseguia fazer aqueles 12 Km mais depressa se fosse a gatinhar em cima de vidros partidos e com urtigas nas palmas das mãos.
Cheguei atrasado como é óbvio. Perdi uma reunião o que nem é assim tão mau...mas perdi também o pequeno-almoco que a empresa semanalmente oferece. Ora isso é que já não é aceitável!!
Depois desta esfrega levei outra para estacionar.
Lembrei-me de um mail que circulava por aí com um power point cheio de moralismos. Era brasileiro. Os brasileiros gostam muito de fazer power points cheios de moral e com pan-pipes a garantir a banda sonora.
Este em particular relatava o civismo escandinavo. "Na fábrica da Volvo os suecos que chegam mais cedo estacionam nos lugares mais afastados da entrada para que aqueles que vêm fora de hora não tenham que se atrasar ainda mais".
Na altura estacionava no parque de uma fábrica da VW e só conseguia lugar da fila J para trás. Embalado no pan-pipe posso jurar que me caiu uma lágrima com a candura escandinava.
Hoje, ao chegar com uma hora de atraso a essa mesma fábrica da Volvo pensei: "Epá, vou directo para a primeira fila...é garantido que tenho lá um lugar!!!"
Por incrível que isso possa parecer não tinha. Mas o power point do brasileiro dizia que sim!!! E tinha pan-pipes!!!Bolas...já não se pode confiar em ninguém.
E aqui convém explicar que o parque da Volvo comeca a um metro da minha janela e acaba num sítio onde o regresso se faz de avião. durante os 20 minutos em que andei para chegar à entrada pensava no brasileiro e nos pan-pipes. Quantos gajos de Corijutiburionópolis não pensarão que a vida na Europa se faz de nenúfar em nenúfar ao som de Mozart ?
Mas nem tudo é mau. O sol escandinavo apareceu em forca e proporcionou-me uma sauna fantástica no carro. Prova de fogo para o novo Nivea "no white marks".
Sequinho e sem rodelas na t-shirt.
Passou com distincão.
3 comentários:
Tiago, superaste-te neste post. Ri-me do princípio ao fim, apesar de ser em cima da tua desgraça :P
Ainda bem que alguém se divertiu :)
Como diria a minha filhota: LOL!!!
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