quinta-feira, março 15, 2007

O serrote

Sem vontade de abrir os olhos abafo o despertador.
Aquele toque irritante que me tira o sorriso de manhã. Ainda estou desconcertado com aquele sonho mau. Um brasileiro a meter-me a mau ao bolso. Há com cada sonho...
Levanto-me e faco o primeiro ritual masculino do dia. Cocar o rabo. Dirijo-me arrastando os pés para a casa de banho. Pelo caminho encontro uma factura com o nome AutoSantos....ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh.....não foi um sonhoooooo!!!!!
Passa-me rápido. O cérebro ainda procura a luz.
Na casa de banho cumpro o segundo ritual masculino do dia mas em versão "sem pingar". Não sujo nada. Perfeito e imaculado.
Neste pequeno compartimento acontece algo de verdadeiramente fantástico todos os dias. Uma pequenina janela, permite-me ver toda a cidade enquanto a bexiga faz "ahhhhhhhhhhhhhh". Um verdadeiro luxo que me devolve o sorriso de imediato.
Observo o céu. Está limpo e há sol. Perfeito!
Penso na bicicleta. Agora que o carro está inspeccionado, lavado e perfumado, pode ficar estacionado com a capa de plástico até que eu vá fazer o passeio domingueiro ao colombo.
Hoje é dia de pedal.
Adoro ir para o trabalho de bicicleta. Não demoro mais do que 10min e praticamente não é necessário pedalar, já que vivo numa colina. No regresso faco sempre uma etapa de montanha que me permite entre outras coisas chegar encharcado em suor.
Hoje não levo casaco. A descida é rápida e assim evito a sauna a subir.
Grande ideia.
Chego à rua e preparo o cenário. Pneu cheio, corrente oleada e Black Eyed Peas no "computador de bordo".
Pronto que nem um ás.
Vejo as nossas bicicletas. Uma presa ao ferro e a outra presa à primeira. "A mim ninguém me engana!", penso eu enquanto aprecio a qualidade da seguranca imposta.
Escolho a segunda. Deixo a que está presa no ferro.
Meto a chave no cadeado que envolve as duas bicicletas e rodo-a como se fosse manteiga. Suave. Tiro mas nada acontece.
Na minha mão uma parte da chave. No cadeado impecavelmente fechadinho o resto.
De uma só assentada bloqueio as duas bicicletas.
Olho um bom minuto para aquele quadro.
Nada muda nesse minuto.
Escrevo no papel das compras "serrote".
Meto as mãos nos bolsos e sigo a pé como se nada tivesse acontecido.
Estou calmo.
E continuo com sono.
Sobretudo isso.

3 comentários:

Sandrinha disse...

Bom dia Tiago!
Que belo acordar...

Rui Silva disse...

LOL
Quem é que ficou entalado com a outra bicicleta sem ter culpa no cartório?

Anónimo disse...

A sofia :)