terça-feira, setembro 19, 2006
"Helloooo, my name is K. and I was born in the state of Alabaaaaaaaaaaama"
Acho piada a conferências...tele, video, lata-com-fio, sinais de fumo ou qualquer outra versão, mas conferência. Juntamo-nos para discutir "o" assunto. Normalmente, quando não sou eu que tenho que falar ou "puxar a carroça", abro uma porta secreta e entro num mundo paralelo chamado "detalhes". Começo a imaginar sem limites e isso sim, é que me dá um real prazer...
Ontem, video-conferência entre Espanha, Suécia, EUA e Índia. Os americanos falavam. Os restantes ouviam e colocavam questões. Uma "rodinha" pelos 3 continentes para as apresentações:
- "Olá, sou o B. e estou aqui com a K., vamos apresentar-vos esta maravilha da tecnologia e tentar impingir este SW que talvez nunca usem na vida, que vos custará 10 vezes o preço de mercado e que aumentará o crescente buraco financeiro da vossa empresa, permitindo um encaixe fabuloso para a nossa empresa. Falarei sempre neste tom monocórdico e com a boca cheia de Big-Macs, parecendo que estou a fazer um grande frete."
- "Olá somos o Z,X e Y, trabalhamos com o sistema blá blá, na equipa nheca-nheca e sentamo-nos neste cubo de gelo cá em cima" (3 min)
- "Olá....xirbirixirbirixirbiriirbiri...e......xirbirixiririxirbiri....in India" (10 seg)
- "Hola! Pablo, Espana, Olé!!" (5 seg)
Terminada esta parte, os americanos começaram com 40 minutos de blá-blá-blá, permitindo-me uma divagação sem precedentes. Comecei por pensar na evolução das comunicações. Quer dizer...são milhares de quilómetros de distância física juntos numa pequena caixinha. Basta um "click" e "voilá". Faz-me pensar o que ainda se poderá fazer. Muito, estou certo, já que o Homem não pára de evoluir.
O B. falava sem respirar. Num tom monocórdico, inglês sem sotaque e com volume bastante baixo, como se estivéssemos de facto na mesma sala. Parecia chateado. Falava de forma enfadonha, como se para ele tudo fosse uma chatice. Fazia-me lembrar o Ribeiro e Castro, mas sem aquele tique de sorver a baba.
O ambiente estava criado. Faltava apenas a música do Vitinho (eu era um miúdo nos anos 80) para a minha cabeça se recostar, os olhos fecharem e a boca deixar cair 2 a 3 pingos de baba. A minha colega sueca (que não cresceu com o Vitinho), não exigiu tantos pré-requisitos e foi directa para a sorna.
Tudo parecia bem, mas de vez em quando, no meio daquela melancolia alguém fazia uma pergunta....e aí meus amigos, aí era o fim da soneca. Entrava em acção a K., que pelos vistos era a "que mexia na massa" e estava por dentro dos detalhes técnicos. O volume aumentava uns bons 80db, a voz monocórdica era substituída por uma de "cana rachada" (tipo Fran Duscher da "Nanny") e o sotaque citadino dava lugar a algo da Georgia, Virginia, Alabama ou Texas.
"If you need that formaaaaaaaaat" dizia ela aos berros e arrastando o fim da frase. Aquele sotaque, fez-me imaginar uma infância passada entre os "rodeos" do Texas e "apple pie" feita pela avó na "sweet home Alabááááááma"!!
Acabara o descanso. "Como deixam uma voz destas aproximar-se de qualquer coisa que emita som???", perguntava o meu cérebro. Limitava-me a pedir (já que não consigo rezar) a qualquer entidade divina que ninguém fizesse perguntas. Mas sempre que o B. nos começava a "embalar" lá vinha um "qué-frô":
"Just-a-small-question : xiribirixiribibibiiririxiribiri and xiribirixiribirixiribiri ??" (3 seg)
Ninguém percebia puto. Era impossível perceber aquelas letras unidas sem periodos de respiração. Ah...mas a K. tinha um descodificador de "xiribiri" e os decibéis voltavam de imediato para os níveis de aviso de Tsunami. Foi uma desgraça até ao fim. A comunicação não era "cristalina", mal se percebia o que todos os participantes diziam (ainda bem que o espanhol ficou sempre calado!) e aquela voz ( prova final que deus não existe!) que me provocará pesadelos por 2 semanas, não deixou que o descanso voltasse àquela sala.
A minha colega até saiu com olheiras, tal foi a dificuldade em atingir um sono profundo.
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2 comentários:
Ainda me estou a rir com a equipa "nheca nheca"!!
Com este cenário acho que nem a voz de cana rachada me conseguiria acordar!(tá na hora da caminha, vamos lá dormir...)
O pior é que se a conferência é video o pessoal todo pode ver-te com cara de ZZZzzz... :P
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